ONU: Casa Branca desiste da recondução de John Bolton

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Os modos diplomáticos de Bolton foram criticados pela oposição americana e pelos seus colegas na ONU Justin Lane/EPA

“O Presidente aceitou a contragosto a decisão do embaixador Bolton de pôr fim à sua missão na ONU quando o mandato actual chegar ao fim”, afirmou Dana Perino, porta-voz da Casa Branca.

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“O Presidente aceitou a contragosto a decisão do embaixador Bolton de pôr fim à sua missão na ONU quando o mandato actual chegar ao fim”, afirmou Dana Perino, porta-voz da Casa Branca.

Sub-secretário de Estado desde 2001, John Bolton foi nomeado para a ONU em Agosto de 2005, através de um decreto presidencial, uma solução constitucional que só é possível quando o Congresso se encontra de férias.

A manobra enfureceu os democratas, que questionavam a aptidão do ultraconservador para exercer um cargo diplomático tão sensível, tendo em conta as posições duras que assumiu enquanto pertenceu à Administração.

O Presidente argumentava, no entanto, que Bolton era a pessoa certa para defender os interesses norte-americanos nas Nações Unidas, em especial a reforma da instituição.

A nomeação por decreto do embaixador tinha validade apenas durante a legislatura em curso e para o mandato poder ser prolongado Bolton tinha de receber o apoio do Senado, o que se tornou mais difícil desde a vitória dos democratas nas eleições intercalares de Novembro passado.

Dois dias depois das eleições, Bush enviou a proposta de recondução do embaixador para o Senado, acreditando que a sua nomeação teria hipóteses de ser aprovada em plenário antes do fim da actual legislatura, previsto para esta semana, mas o processo ficou bloqueado no Comité de Relações Externas.

Bush critica senadores

No comunicado lido pela sua porta-voz, o Presidente diz que aceitou o afastamento de Bolton “com profundo pesar” e afirma estar “profundamente desapontado por um punhado de senadores ter impedido o embaixador de receber a merecida nomeação pelo Senado”.

A declaração de Bush visa particularmente o senador republicano Lincoln Chafee, cujo voto era essencial para a nomeação de Bolton. Chafee, que já se tinha mostrado reticente à nomeação em 2005, recusou a tomar uma decisão definitiva sem antes conhecer melhor as ideias de Bolton em relação ao Médio Oriente.

No comunicado divulgado hoje, Bush saúda o trabalho desenvolvido pelo embaixador na ONU, em particular nas discussões sobre os programas nucleares iraniano e norte-coreano, na reforma da ONU e na divulgação da crise humanitária em Darfur.

Mas os seus detractores acusam-no de promover nas Nações Unidas o unilateralismo da Casa Branca, em detrimento da cooperação internacional, e os modos pouco diplomáticos que faz questão de usar enfureceram várias vezes os seus homólogos, que o acusam de indisponibilidade para o diálogo.