Processo químico na base do segredo dos violinos Stradivarius
"Os nossos resultados fortalecem a ideia de que tratamentos químicos, como uma oxidação ou uma hidrólise, foram utilizados para fazer estes violinos e, em menor escala, os violoncelos de Stradivarius", afirmaram os responsáveis pelo estudo à AFP. Este trabalho confirma a hipótese que Joseph Nagyvary, do departamento de Bioquímica da Universidade A&M do Texas, EUA, tem vindo a investigar há três décadas, com a colaboração de investigadores da Universidade Estatal do Colorado e da Universidade Birgham Young, do Utah.
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"Os nossos resultados fortalecem a ideia de que tratamentos químicos, como uma oxidação ou uma hidrólise, foram utilizados para fazer estes violinos e, em menor escala, os violoncelos de Stradivarius", afirmaram os responsáveis pelo estudo à AFP. Este trabalho confirma a hipótese que Joseph Nagyvary, do departamento de Bioquímica da Universidade A&M do Texas, EUA, tem vindo a investigar há três décadas, com a colaboração de investigadores da Universidade Estatal do Colorado e da Universidade Birgham Young, do Utah.
Dada a pouca quantidade de exemplares Stradivarius que chegaram até aos dias de hoje - à volta de 600 dos 1.100 instrumentos que se estima que o italiano António Stradivari (1644-1737) tenha criado - e a relutância dos seus proprietários em deixar que se façam testes com os preciosos objectos - avaliados em cerca de sete milhões e meio de euros cada -, os investigadores utilizaram lascas da madeira recolhidas durante a reparação de cinco instrumentos antigos: um violino Stradivarius de 1717, um violoncelo Stradivarius de 1731, um violino fabricado por Guarneri del Gesù em 1741, um violino feito por Gand & Bernardel, de Paris, em 1840, e uma viola de Henry Jay, de Londres, de 1769.
De acordo com o estudo, a análise da composição dos instrumentos, feita através do recurso a uma ressonância magnética e uma espectroscopia por infravermelhos, deu conta de rastos de tratamentos químicos na madeira. E a presença desses agentes químicos não foi encontrada nem nos instrumentos fabricados na mesma época em Paris e Londres, nem nas madeiras actuais também provenientes da Europa Central e Oriental.
Os cientistas acreditam que o processo químico em questão pode ter sido criado acidentalmente quando Stradivari e Guarneri (fabricante contemporâneo do primeiro, cujos instrumentos são equiparados em qualidade e preço pelos especialistas) procuravam uma forma de preservar a madeira, sem terem noção do efeito acústico dos químicos. O sal e o cobre, por exemplo, podem ter sido os agentes de oxidação usados com o intuito de proteger a madeira do bicho da madeira e de fungos, problemas que dificultavam a vida aos artesãos da época.
Os resultados mostram que esse produtos químicos usados no verniz e no tratamento da madeira são os responsáveis pelo som único das peças, tendo as técnicas de preservação da madeira afectado as condições acústicas e a qualidade sonora dos instrumentos.
O próximo passo na tentativa de desvendar um segredo que se manteve durante séculos será a identificação dos agentes químicos envolvidos no processo. Para que um dia se consiga reproduzir o som inigualável daqueles que são considerados os melhores violinos do mundo.