Putin queixa-se a Blair por não ter silenciado Litvinenko
A ministra dos Negócios Estrangeiros britânica, Margaret Beckett, explicou que as autoridades de Moscovo manifestaram "firme objecção" relativamente à carta póstuma de Litvinenko, que morreu em 23 de Novembro devido a uma elevada dose de polónio 210.
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A ministra dos Negócios Estrangeiros britânica, Margaret Beckett, explicou que as autoridades de Moscovo manifestaram "firme objecção" relativamente à carta póstuma de Litvinenko, que morreu em 23 de Novembro devido a uma elevada dose de polónio 210.
Na carta em questão, o antigo agente secreto russo incriminava Putin.
Beckett, que falou na quinta-feira com o seu homólogo russo, Serguei Lavrov, explicou que as autoridades russas "aparentemente não entenderam" que o antigo espião estava apenas sob protecção policial e não sob custódia.
Segundo o jornal, os conselheiros de Putin interpretam a carta de Litvinenko, em que este qualifica o chefe de Estado russo de "brutal e impiedoso", como uma montagem cuidadosamente orquestrada para fazê-la coincidir no tempo com a presença do líder russo na cimeira entre a União Europeia e a Rússia, em Helsínquia.
Fontes do ministério dos Negócios Estrangeiros britânico confirmaram ao "Sunday Times" que as autoridades russas levantaram a questão da carta durante os contactos com Beckett e os diplomatas britânicos.
Numa audiência no Parlamento, o ministro do Interior britânico, John Reid, confirmou que Beckett falou com o seu colega russo e que este lhe deu garantias de que Moscovo cooperará na investigação sobre a morte do antigo espião.
Após a morte de Litvinenko, o executivo britânico pediu às autoridades russas que colaborassem com a brigada anti-terrorista da Scotland Yard na investigação.
Funcionários do ministério dos Negócios Estrangeiros britânico reuniram-se a 24 de Outubro com o embaixador russo em Londres, Yuri Fedotov, para analisar o sucedido. O governo britânico tem tratado este assunto com cautela para evitar tensões diplomáticas com a Rússia, cujos recursos energéticos (gás e petróleo, principalmente) são de grande interesse para o Reino Unido.
Segundo o "Sunday Times", o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, terminou a reunião do governo de quinta-feira passada sublinhando a importância das relações a longo prazo com Moscovo.