Estudo sobre Sindrome de Williams em Portugal distinguido com Prémio Pfizer

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O estudo ajuda a conceber técnicas de treino que melhorarão a qualidade de vida das pessoas com a doença Daniel Rocha/PÚBLICO (arquivo)

Realizado por uma equipa do Instituto Biomédico de Investigação da Luz e Imagem (IBILI) da Universidade de Coimbra, o estudo concluiu que, ao contrário do que se pensava, os mecanismos neuronais de lesão a nível da retina e do cérebro são independentes, devendo conduzir "a estratégias diferenciadas de reabilitação cognitiva", revelam os autores do estudo.

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Realizado por uma equipa do Instituto Biomédico de Investigação da Luz e Imagem (IBILI) da Universidade de Coimbra, o estudo concluiu que, ao contrário do que se pensava, os mecanismos neuronais de lesão a nível da retina e do cérebro são independentes, devendo conduzir "a estratégias diferenciadas de reabilitação cognitiva", revelam os autores do estudo.

Os investigadores - Miguel Castel-Branco, Mafalda Mendes, Ana Sebastião, Aldina Reis, Mário Soares, Jorge Saraiva, Rui Bernardes e Eduardo Silva - colocaram a hipótese de alguns défices visuais terem uma origem na retina, o que poderia condicionar uma resposta diferente a estratégias de reabilitação.

Utilizando novas técnicas de imagem médica e neurofisiológica, demonstraram que, em caso de Síndroma de Williams, as camadas de neurónios mais externas da retina estão lesadas.

Trata-se de uma doença genética do neurodesenvolvimento, e que a perturbação se relaciona com défices visuais básicos da percepção do movimento local.

Mas os investigadores conseguiram ainda demonstrar que é possível compensar a nível cerebral estes défices locais, "o que tem implicações no desenvolvimento de estratégias de reabilitação".

Assim, este estudo, que se direcciona sobretudo para as pessoas com idades entre dez e 30 anos, ajuda a conceber técnicas de treino (por exemplo através de videojogos) que melhorarão a qualidade de vida das pessoas com esta doença, mas também outras doenças do neurodesenvolvimento, como a dislexia, que afecta cerca de 15 por cento da população mundial.

O Prémio Pfizer de Investigação Básica, que é também entregue hoje, distingue um trabalho desenvolvido por uma equipa do Instituto de Biologia Molecular e Celular, do Porto, sobre uma proteína que quando está alterada causa a chama da "Doença dos Pezinhos" (Paramiloidose).

Da autoria de Carolina Fleming, Maria João Saraiva e Mónica Mendes de Sousa, este estudo foi realizado em ratinhos e demonstra que esta proteína, no seu estado normal, aumenta a regeneração nervosa, o que, a confirmar-se nos humanos, poderá ajudar a recuperação de lesões do sistema nervoso periférico.

Durante a cerimónia de hoje é ainda entregue a Bolsa Pfizer de Investigação em Oncologia e Doenças Oncológicas, Prof. Francisco Gentil, no valor de 60 mil euros.

Esta bolsa vai ser atribuída ao investigador Rui Manuel Reis, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde, em Braga, para o estudo dos tumores cerebrais, e as alterações genéticas de uma molécula, que são na sua maioria malignos e de grande agressividade, com uma taxa média de sobrevida de apenas um ano.

O Prémio Pfizer de Investigação, atribuído pela Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa, é o mais antigo galardão nesta área em Portugal, e comemora este ano o 50º aniversário.

Na edição deste ano foram apresentados mais de 60 trabalhos para avaliação do júri.

Os Prémios Pfizer de Investigação distinguem os melhores trabalhos em qualquer domínio da investigação básica e clínica, elaborados total ou parcialmente em instituições portuguesas por investigadores portugueses ou estrangeiros. O montante é de 20 mil euros para cada prémio.