Descoberta de células estaminais do coração abre alas a medicina regenerativa

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O coração é constituído por células muito variadas, que podem ter origem numa única Visible Human Project

Estes resultados são relatados em dois artigos publicados ontem na revista Cell. Já um outro estudo, publicado este mês na Developmental Cell, apontava neste sentido.

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Estes resultados são relatados em dois artigos publicados ontem na revista Cell. Já um outro estudo, publicado este mês na Developmental Cell, apontava neste sentido.

O coração tem muitos tipos de tecidos e até agora pensava-se que tinham origem em precursores distintos. Fazer um coração requer a produção de células de músculo cardíaco, músculo liso e do endotélio. "É uma surpresa que uma única célula possa dar origem a todos estes tecidos e estruturas do coração", afirma Kenneth Chien, do Massachusetts General Hospital e da Escola Médica de Harvard, co-autor de um dos artigos da Cell.

As células estaminais têm a capacidade de se "reinventar" através da divisão celular. Podem dar origem a uma grande variedade de células especializadas, como as do coração. Mas há células estaminais com potenciais de diferenciação diferentes.

As células totipotentes, encontram-se nas primeiras divisões do ovo fertilizado: podem-se transformar em qualquer célula. Progressivamente com menos potencial há as pluripotentes (células estaminais embrionárias, que se encontram num embrião com quatro a cinco dias), multipotentes (capazes de diferenciar numa família de células) e unipotentes (num único tipo).

Segundo Stuart Orkin do Instituto Médico Howard Hughes, co-autor do outro artigo publicado ontem, este trabalho muda o modo como vemos o desenvolvimento dos órgãos: "Em vez de diferentes tipos de células se juntarem, o coração parece desenvolver-se a partir de uma base comum de células estaminais progenitoras."

Em trabalhos anteriores, a equipa de Chien tinha descoberto células progenitoras de músculo cardíaco, em tecido cardíaco de ratos, ratinhos e humanos recém-nascidos. Estas células definem-se pela presença de uma proteína chamada is

1. Neste trabalho, os investigadores seguiram o desenvolvimento destas células em corações de rato e descobriram que podiam também diferenciar-se em células do músculo liso, do revestimento interno dos vasos sanguíneos (endotélio) e outras linhagens.

No segundo estudo, Orkin e os seus colegas isolaram células de um embrião de rato em que está activo um gene cardíaco chamado Nkx2.5. Descobriram que estas se diferenciam espontaneamente em células do músculo cardíaco e do sistema de condução dos impulsos eléctricos (que permitem ao coração bater). Surpreendentemente, também encontraram algumas que optaram por se tornar células do músculo liso.

Depois, a equipa de Orkin isolou estes precursores a partir de células estaminais embrionárias e descobriu que algumas também expressavam um segundo gene (c-kit). As células que expressam ambos os genes tinham a capacidade de produzir tanto músculo cardíaco, como músculo liso, a partir de uma única célula.

Segundo Chien, a descoberta de progenitores cardiovasculares específicos traz boas perspectivas para o desenvolvimento de tratamentos do coração com células estaminais. "É difícil usar células estaminais embrionárias para a regeneração do coração por causa do perigo dos teratomas", cancros que resultam do crescimento descontrolado de células estaminais embrionárias. "Se conseguirmos contornar essa ameaça clonando células estaminais cardiovasculares mestras, será um grande avanço."