Sócrates acusa Marques Mendes de apoiar "indisciplina financeira" da Madeira

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No discurso de abertura do debate, na generalidade, da proposta do Orçamento do Estado para 2007, José Sócrates acusou Alberto João Jardim de "desrespeito pelas instituições democráticas" e criticou "o seu silêncio perante o absurdo agitar de fantasmas separatistas".

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No discurso de abertura do debate, na generalidade, da proposta do Orçamento do Estado para 2007, José Sócrates acusou Alberto João Jardim de "desrespeito pelas instituições democráticas" e criticou "o seu silêncio perante o absurdo agitar de fantasmas separatistas".

José Sócrates afirmou que chegaram ao fim "os anos de laxismo, de cedências e de tratamento de excepção" à Madeira, lamentando que o líder do PSD se tenha deslocado à Madeira no preciso momento em que as medidas de rigor orçamental estavam a ser anunciadas pelo Governo central.

No entender do chefe do Governo, a ida de Marques Mendes à Madeira resultou "num sinal político claro de quem quer dar cobertura a uma atitude de pura resistência ao cumprimento da lei, ainda por cima sem uma palavra que fosse de crítica para com o jogo perigoso de insultos permanentes aos órgãos de soberania".

"Não pode haver solidariedade partidária que justifique um silêncio tão cúmplice em matéria de tanta gravidade. Uma imagem vale mais do que mil palavras: a imagem do deputado Marques Mendes, embevecido, ao lado do doutor Alberto João Jardim, diz tudo quanto há para dizer. O líder do maior partido da oposição fez a sua escolha", concluiu José Sócrates.

Marques Mendes diz que foi à Madeira defender a autonomia regional

Em resposta, Luís Marques Mendes disse que se deslocou à Madeira e que esteve ao lado de Alberto João Jardim para "defender a autonomia regional" e não por questões partidárias.

"Fui à Madeira não por uma questão partidária, mas para defender a autonomia regional (...) e denunciar o comportamento do Governo sobre a forma partidária como está a fazer um bloqueio para ganhar as eleições regionais de 2008", ripostou Marques Mendes, numa referência à nova Lei das Finanças Regionais proposta pelo Executivo socialista, que prevê uma redução das transferências do Estado para a Madeira na ordem de 40 milhões de euros.

Marques Mendes comparou ainda a sua deslocação à região autónoma da Madeira à ausência de José Sócrates no concelho de Felgueiras nas últimas eleições autárquicas.

"Cobardemente não foi a Felgueiras, não pôs lá os pés", acusou Marques Mendes, considerando que o que se passava nesse concelho nada tinha que ver com "degladiação de estilos políticos" mas "com uma foragida à justiça que desafiou as regras mais elementares da democracia", numa referência à candidatura de Fátima Felgueiras ao município local.

José Sócrates devolveu as acusações, insistindo que Marques Mendes se deslocou à Madeira "para dar cobertura a um acto ilegal do Governo regional, que contraiu um empréstimo que não podia".

"Com a viagem à Madeira, perdeu toda a credibilidade para exigir rigor nas contas públicas", sublinhou, acusando Marques Mendes de exigir rigor "em todo o lado", menos nas "áreas onde estão companheiros políticos" eleitos nas listas do PSD.

Sócrates referiu-se ainda à comparação feita por Marques Mendes entre a Madeira e Felgueiras, dizendo não compreender por que é que o líder social-democrata foi buscar esse exemplo e recordando que o PS apresentou um candidato próprio para aquele município.