Nobel da Literatura para o turco Orhan Pamuk
O escritor foi distinguido porque, "na busca pela alma melancólica da sua cidade, descobriu novos símbolos para o confronto e o cruzamento de culturas", justifica o Comité Nobel.
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O escritor foi distinguido porque, "na busca pela alma melancólica da sua cidade, descobriu novos símbolos para o confronto e o cruzamento de culturas", justifica o Comité Nobel.
Alvo dos nacionalistas turcos pela sua defesa da causa arménia e curda, Pamuk é autor de uma obra que descreve as tensões da sociedade turca, entre o Oriente e o Ocidente.
O autor, que acumulou prémios literários no estrangeiro, é considerado "persona non grata" por alguns dos seus compatriotas. "Um milhão de arménios e 30 mil curdos foram mortos nas suas terras, mas ninguém, para além de mim, ousa dizê-lo", afirmou Pamuk, em Fevereiro, numa entrevista a um semanário suíço.
O escritor chegou a ser perseguido pela justiça por "insulto aberto à nação turca", um crime passível de uma pena entre seis meses e três anos de prisão. As acusações foram retiradas no início deste ano.
Nascido no dia 7 de Junho de 1952 numa família francófona de Istambul, o escritor abandonou os estudos de arquitectura aos 23 anos para se dedicar exclusivamente à literatura. Sete anos depois, publicou o seu primeiro romance, "Cevdet Bey ve Ogullari" ("Mr. Cevdet and His Sons", na tradução em inglês).
Pai de um adolescente, Pamuk é divorciado e vive em Istambul.
Orhan Pamuk tem dois romances publicados em Portugal, ambos pela Editorial Presença: "A Cidadela Branca" e "Os Jardins da Memória".
O Nobel da Literatura consiste num prémio monetário de dez milhões de coroas suecas (1,1 milhões de euros), que será entregue a Pamuk numa cerimónia que terá lugar em Estocolmo, no dia 10 de Dezembro.