Morreu a primeira juíza portuguesa

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O corpo da magistrada, que se jubilou em 2005, foi transportado para o Instituto de Medicina Legal do Hospital de Santo André, em Leiria, para analisar as causas da morte, que aparentam serem de ordem natural, adiantaram os bombeiros locais.

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O corpo da magistrada, que se jubilou em 2005, foi transportado para o Instituto de Medicina Legal do Hospital de Santo André, em Leiria, para analisar as causas da morte, que aparentam serem de ordem natural, adiantaram os bombeiros locais.

Natural de Lourenço Marques (actual Maputo), onde nasceu em 1934, Ruth Garcez foi a primeira mulher a ingressar na carreira de magistratura, vedada às mulheres até ao 25 de Abril.

Licenciada em Direito pela Universidade de Coimbra, em 1956, regressou a Moçambique, onde exerceu advocacia durante duas décadas. Só depois da revolução dos cravos e já em Lisboa opta pela magistratura, ingressando na carreira de juiz de direito em 1977.

Voltaria a ser pioneira em 1993, quando é colocada no Tribunal da Relação de Lisboa, tornando-se na primeira mulher a aceder ao posto de juíza desembargadora.

Jubilou-se por limite de idade em 2005, um ano depois de ter contestado o concurso que a impediu de aceder ao Supremo Tribunal de Justiça, sustentando que tinha sido dada preferência "a juízes que serviram o poder político". Retomaria o assunto em “Eu Juiz me Confesso”, um livro onde toca em várias feridas do sistema judicial português, denunciando a relação perigosa entre política e justiça.

Dona de uma personalidade forte e exuberante, Ruth Garcez foi também fadista e fundadora da Associação Portuguesa das Mulheres Juízes, algumas das razões que levaram Jorge Sampaio, então Presidente da República, a condecorá-la.

De acordo com a Lusa, o corpo da magistrada foi encontrado pelos bombeiros, depois desta ter faltado a um almoço com amigos. Não foi ainda marcada uma data para a realização do funeral.