Imagens do Pólo Sul de Vénus mostram nuvens amarelas e faixas escuras
As imagens foram ontem recebidas, e foram captadas a uma distância de 206.452 quilómetros. Os cientistas estão particularmente intrigados quanto ao redemoinho que a imagem mostra, mas a estrutura de nuvens é semelhante à do Pólo Norte de Vénus.
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As imagens foram ontem recebidas, e foram captadas a uma distância de 206.452 quilómetros. Os cientistas estão particularmente intrigados quanto ao redemoinho que a imagem mostra, mas a estrutura de nuvens é semelhante à do Pólo Norte de Vénus.
"Apenas um dia após a chegada da sonda, experimentámos o ambiente quente e dinâmico de Vénus", adiantou Hakan Svedhem, um dos cientistas do projecto Venus Express, no comunicado que ontem foi emitido pela ESA. Mas a fotografia do Pólo Sul de Vénus deverá ser, dentro de algum tempo, bastante mais nítida. "Veremos muitos mais detalhes, com uma resolução 100 vezes melhor, à medida que nos aproximarmos de Vénus, e esperamos ver em breve essas estruturas em espiral que o envolvem", adiantou.
A fraca qualidade das imagens deve-se à grande distância a que foram captadas, mas os cientistas não deixaram de ficar surpreendidos com a definição das estruturas e os detalhes mostrados. A escala das imagens, que foram recolhidas pelo VIRTIS, um espectrómetro térmico que opera no espectro da luz visível e dos infravermelhos, é de 50 quilómetros por cada pixel, os pontos que compõem a imagem.
O controlo da Venus Express está a ser efectuado a partir de Darmstadt, na Alemanha, onde os cientistas testaram agora cada instrumento, individualmente, para verificar que ficaram a funcionar depois de a sonda ter sofrido o embate da travagem que a permitiu entrar na órbita de Vénus.
Horst Uwe Keller, cientista que lidera a equipa que opera a câmara, um dos sete instrumentos da sonda, adiantou ontem à Associated Press que, nos próximos meses, deverão ser captadas imagens mais detalhadas e reveladoras de Vénus, a uma distância que deverá rondar apenas os 250 quilómetros. "Penso que a questão decisiva será descobrir a dinâmica da atmosfera", adiantou Keller, que salientou ainda algumas das questões que gostaria de ver respondidas: "Por que é que as nuvens deslizam no sentido em que vemos? E porquê tão depressa?"
Esta missão representa um investimento de 260 milhões de dólares e é a primeira com destino a Vénus desde que a agência espacial norte-americana NASA lançou a sonda Magalhães, em 1989. Um dos seus objectivos é estudar o elevado efeito de estufa naquele planeta, onde a atmosfera é extremamente quente e densa. Prevê-se que a missão dure 500 dias, mas poderá vir a estender-se por outro tanto.