Caso Padre Max: Louçã acusa tribunais de "negligência e incompetência"
O padre Max foi assassinado na região de Vila Real a 2 de Abril de 1976 com recurso a uma bomba colocada no seu carro, que matou também a estudante Maria de Lurdes, a quem o clérigo tinha dado boleia.
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O padre Max foi assassinado na região de Vila Real a 2 de Abril de 1976 com recurso a uma bomba colocada no seu carro, que matou também a estudante Maria de Lurdes, a quem o clérigo tinha dado boleia.
O padre Maximiano, mais conhecido como padre Max, foi candidato pela UDP à Assembleia Constituinte e encontrava-se em Vila Real a promover um trabalho de apoio ao desenvolvimento das comunidades locais.
O caso foi julgado duas vezes, uma em 1997 e outra dois anos depois, nunca tendo havido uma condenação, apesar do tribunal ter pela primeira vez atribuído um homicídio ao MDLP, movimento armado de direita dos tempos do Processo Revolucionário em Curso (PREC), que marcou os anos seguintes ao 25 de Abril de 1974.
Lembrando os 30 anos do assassinato do clérigo, o Bloco de Esquerda - que integra, entre outras formações, a UDP - promoveu ontem à noite uma conferência no Porto.
Francisco Louçã recordou que o tribunal deixou claro que a responsabilidade do homicídio foi "do MDLP, que agiu com a intenção de matar" o padre Max.
"Deve fazer-se justiça e qualquer crime deve ser castigado", disse.
Mário Brochado Coelho, o advogado que durante mais de 20 anos lutou para que o caso fosse a tribunal e os responsáveis condenados, lembrou que o processo contou com cinco arguidos, nenhum dos quais foi condenado. "O tribunal achou que eles tinham feito alguma coisa, mas não conseguiu reunir provas concretas de que o fizeram. Eu próprio concordei com essa decisão, porque na justiça ninguém pode ser julgado sem provas claras", disse o advogado, que manifestou a sua pena de que "os autores morais se tenham mantido escondidos por trás da cobardia que lhes é habitual".
"Mataram premeditadamente o padre Max, mesmo sabendo que ele levava no carro uma jovem - o que é típico da extrema-direita portuguesa, do absolutismo até hoje", acrescentou Brochado Coelho.