Cartoons de Maomé em jornal dinamarquês provocam fecho de embaixadas e protestos
A Arábia Saudita retirou o seu embaixador da capital da Dinamarca, enquanto a Líbia encerrou a sua representação diplomática. O Egipto poderá estar a considerar fazer o mesmo.
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A Arábia Saudita retirou o seu embaixador da capital da Dinamarca, enquanto a Líbia encerrou a sua representação diplomática. O Egipto poderá estar a considerar fazer o mesmo.
Na Faixa de Gaza, cerca de 15 homens armados cercaram ontem de manhã a representação local da UE. Queriam um pedido de desculpas da Dinamarca e da Noruega (um jornal norueguês reproduziu também estes cartoons) e avisaram cidadãos destes países que estariam em risco de serem atacados na região. "Avisamos os cidadãos dos países mencionados para levarem esta declaração a sério", disseram os combatentes, lendo uma declaração já escrita.
Os cartoons foram publicados em Setembro no maior jornal dinamarquês, o "Jyllands-Posten", e depois reproduzidos, no mês passado, por uma publicação norueguesa. Entre os 12 desenhos há um que mostra a cabeça de Maomé como uma bomba com um rastilho aceso; noutro o Mensageiro de Alá é representado como um terrorista.
O islão proíbe qualquer representação de Maomé pois considera que pode fomentar a idolatria. À medida que a existência destes cartoons foi crescendo no mundo muçulmano, foram aumentando os protestos. Nas ruas palestinianas, por exemplo, bandeiras dinamarquesas foram queimadas em manifestações. Circulou também na Internet um pedido de boicote a bens provenientes da Dinamarca.
Copenhaga lamentou que os cartoons tivessem causado esta reacção, mas recusou-se a dizer mais do que isto, citando a liberdade de expressão. "O Governo não pode, de modo nenhum, influenciar os media", afirmou o primeiro-ministro, Anders Fogh Rasmussen. "O Governo dinamarquês e a nação dinamarquesa não podem ser responsabilizadas por algo que foi publicado num jornal independente", sublinhou Rasmussen, citado pela BBC.
O jornal Jyllands-Posten justificara a publicação dos cartoons para "testar as fronteiras da liberdade de expressão no islão". No entanto, num editorial ontem assinado pelo director, Carsten Juste, esclareceu que não pretendia insultar a religião islâmica e lamentava "que a questão tivesse atingido este nível (...). Essa não era a nossa intenção". O jornal, frisou Juste, mantém "o respeito pela liberdade religiosa".