Conversações sobre futuro estatuto do Kosovo adiadas com morte de Ibrahim Rugova
As primeiras negociações mediadas pelas Nações Unidas entre as delegações do Kosovo e da Sérvia deveriam decorrer na próxima quarta-feira, em Viena. Porém, com a morte de Rugova, o mediador da ONU para a questão do Kosovo, o finlandês Martti Ahtisaari, decidiu que estas deviam ser adiadas até ao próximo mês, “para um período de luto”, avançou o seu porta-voz Hua Jiag.
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As primeiras negociações mediadas pelas Nações Unidas entre as delegações do Kosovo e da Sérvia deveriam decorrer na próxima quarta-feira, em Viena. Porém, com a morte de Rugova, o mediador da ONU para a questão do Kosovo, o finlandês Martti Ahtisaari, decidiu que estas deviam ser adiadas até ao próximo mês, “para um período de luto”, avançou o seu porta-voz Hua Jiag.
Ahtisaari deixou um apelo à calma e à continuação das negociações. “Estou certo que o Presidente Rugova desejaria ver que continuamos as negociações sobre o estatuto do Kosovo e chegar a resultados”, afirmou o responsável da ONU numa conferência de imprensa, afirmando esperar que “a situação permaneça calma e que a Constituição seja respeitada”.
Ahtisaari, antigo Presidente da Finlândia envolvido nas negociações de paz para a Bósnia-Herzegovina, foi nomeado no final do ano passado pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, como enviado especial das Nações Unidas para as negociações sobre o futuro político do Kosovo.
O chefe da missão da ONU no Kosovo (Minuk), Soeren Jessen-Petersen, também já reagiu à morte de Rugova, considerando que o seu desaparecimento chega num “momento decisivo” para a província, que se divide entre a independência e a continuidade de ligações com a Sérvia.
“É particularmente trágico que o Presidente Rugova nos abandone neste momento decisivo para o futuro do Kosovo”, sustentou Jessen-Petersen num comunicado divulgado esta tarde, considerando que “a melhor homenagem que se pode prestar ao Presidente Rugova e à sua herança é garantir a união nos próximos meses”.
Jessen-Petersen exortou ainda “todos os cidadãos e dirigentes políticos do Kosovo à unidade e a fazerem prova da sua maturidade e sabedoria para servir o Kosovo hoje e no futuro”.
Vários dirigentes sérvios do Kosovo apelaram igualmente à paz e à continuação do diálogo entre Belgrado e Pristina.
“É de uma importância crucial que as instituições do Kosovo preservem a paz na província”, defendeu o líder sérvio moderado Oliver Ivanovic, citado pela agência noticiosa Tanjug. Mas Ivanovic adverte a minoria sérvia na província a “manter-se prudente” e pediu à comunidade internacional a “preservação da paz e o impedimento de eventuais actos de violência”.
Um outro dirigente sérvio, Momcilo Trajkovic, apresentou as condolências à família de Rugova, não deixando de observar que a sua morte “representa o fim de um movimento fanático pela criação de um Kosovo independente”.
Por sua vez, o líder sérvio nacionalista, Milan Ivanovic, sustentou que a morte do Presidente do Kosovo “provocará uma luta pelo poder entre os líderes albaneses”. “Rugova era um homem com um certo potencial democrático e um homem que nunca foi acusado de qualquer acto ilegal”, continuou Ivanovic, concluindo que “a posição dos albaneses do Kosovo fica enfraquecida com a morte do seu Presidente”.
Ibrahim Rugova morreu vítima de um cancro no pulmão que lhe foi diagnosticado no passado mês de Setembro. Tinha sido eleito em Março de 2002 como o primeiro Presidente do Kosovo, uma província autónoma da Sérvia administrada pela ONU.