Gripe das aves: Roche admite "limitações" na eficácia do Tamiflu

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O Tamiflu tem sido considerado um dos poucos antivirais eficazes no tratamento dos pacientes com gripe das aves EPA

A Roche baseia-se em resultados preliminares de um estudo desenvolvido em laboratório nos Estados Unidos em furões tratados com doses normais de Tamiflu (nome comercial da substância activa oseltamivir), quatro horas depois de terem estado em contacto com o H5N1 da gripe das aves, a mais perigosa estirpe do vírus.

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A Roche baseia-se em resultados preliminares de um estudo desenvolvido em laboratório nos Estados Unidos em furões tratados com doses normais de Tamiflu (nome comercial da substância activa oseltamivir), quatro horas depois de terem estado em contacto com o H5N1 da gripe das aves, a mais perigosa estirpe do vírus.

Segundo David Reddy, responsável pelas investigações da Roche sobre pandemias, o estudo mostra, essencialmente, duas coisas: “Em primeiro lugar, que se deve iniciar o tratamento muito, muito mais cedo (...). Depois, à medida que a infecção progride, deve-se considerar o aumento das doses” do medicamento. “As primeiras conclusões que se retiram são que, à medida que o tempo passa, a eficácia [do Tamiflu] é menor”, sublinhou Reddy aos jornalistas.

O grupo farmacêutico recomenda que, em caso de gripe sazonal, o Tamiflu deve ser administrado nas 48 horas após o registo dos primeiros sintomas. Porém, segundo o responsável da Roche, uma demora de quatro horas no tratamento da gripe das aves é muito curto.

Reddy salientou que outros estudos independentes estão em curso para determinar o grau de eficácia do Tamiflu contra o H5N1 no prazo de 24 ou 48 horas e a dosagem adequada a aplicar.

No final do ano passado, a Roche tinha já recomendado, em resposta ao anúncio de casos de resistência ao Tamiflu, uma posologia mais forte do medicamento ou uma mistura de vários fármacos para tratar os casos de gripe das aves em humanos.

Até agora, o Tamiflu tem sido considerado um dos poucos antivirais eficazes no tratamento dos pacientes com gripe das aves, o que levou os governos europeus e dos Estados Unidos a armazenarem reservas desse medicamento para o caso de uma pandemia.

Um estudo de investigadores italianos divulgado ontem punha em causa a eficácia do Tamiflu no caso de uma pandemia de gripe das aves entre seres humanos e afirmava mesmo que não há qualquer produto eficaz actualmente no mercado.

Este novo estudo, publicado pela revista médica britânica "The Lancet", da responsabilidade do instituto de investigação italiano Cochrane Vaccines Field e financiado em parte pelo Ministério da Saúde britânico, considera que nenhum dos medicamentos existentes teria grande eficácia. Os autores do estudo analisaram outros medicamentos contra a gripe, como o Relenza, semelhante ao Tamiflu, a Amantadina e a Rimantadina.

De acordo com a investigação, até agora, nem o Tamiflu nem o Relenza reduziram a mortalidade entre os poucos doentes com gripe das aves a quem foram administrados.