Cientista diz que fim de seca no Sahel pode originar mais furacões
Os furacões que fustigam todos os anos as Caraíbas e o Golfo do México são, muitas vezes, originados a centenas de quilómetros, quando se formam nuvens de tempestade através do Sahel, vindas das montanhas do Chade ou do Sudão.
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Os furacões que fustigam todos os anos as Caraíbas e o Golfo do México são, muitas vezes, originados a centenas de quilómetros, quando se formam nuvens de tempestade através do Sahel, vindas das montanhas do Chade ou do Sudão.
“Muitos dos furacões que chegam à Florida ou aos Estados Unidos são formados aqui”, disse Amadou Gaye, responsável pelo laboratório de Física Atmosférica da Universidade de Dacar.
O Sahel, uma zona semi-desértica que separa o Sahara das regiões mais tropicais de África, tem sido atingido pela pior seca da história moderna, desde a década de 70. Mas isso parece estar a mudar. Este ano, a precipitação mais intensa dos últimos 30 anos no Senegal coincidiu com uma estação recorde a nível de furacões, incluindo o Katrina que devastou Nova Orleães.
“Estatisticamente, sempre que se regista um ano muito chuvoso no Sahel ocorrem muitos furacões no Atlântico”, disse Gaye.
“Desde 2000, tem sido registado um aumento da precipitação”, acrescentou. Mas, globalmente, “os níveis de precipitação continuam a ser mais baixos do que na década de 50. Se a tendência continuar nos próximos cinco anos, podemos dizer que a seca acabou”.
A seca prolongada no Sahel – que inclui o Senegal, Mauritânia, Mali, Burkina Faso, Níger, Nigéria e Chade – tem empobrecido muitos agricultores e forçou o abandono das terras.