Manuel Alegre pede "ponderação" ao PS

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Alegre justificou a sua ausência no Parlamento com a condição de candidato a Belém André Kosters/Lusa

Numa declaração aos jornalistas sem direito a perguntas, lida por Inês Pedrosa, porta-voz da candidatura, Manuel Alegre "apela ao PS e aos seus responsáveis para que impere nesta campanha a ponderação, a consideração mútua e o respeito pela divergência".

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Numa declaração aos jornalistas sem direito a perguntas, lida por Inês Pedrosa, porta-voz da candidatura, Manuel Alegre "apela ao PS e aos seus responsáveis para que impere nesta campanha a ponderação, a consideração mútua e o respeito pela divergência".

Na declaração, Manuel Alegre rejeita ter violado a Constituição ao faltar às sessões plenárias de debate e votação do orçamento, justificando a sua ausência com a necessidade de "distanciamento institucional" por parte de um candidato a Belém.

"Manuel Alegre não votou porque entende que um Presidente da República, seja ele quem for, não deve exercer a sua função com o ónus de ter votado o documento mais importante de orientação estratégica", declarou a escritora, na sede de candidatura do vice-presidente do Parlamento.

Inês Pedrosa citou ainda uma carta enviada por Alegre ao líder parlamentar do PS, Alberto Martins, na qual o deputado comunicou a intenção de faltar à votação final global do orçamento: "Entendo que, sendo candidato à Presidência da República, não devo confundir nesta matéria esse papel com o de deputado".

A porta-voz da candidatura de Manuel Alegre não se referiu à possibilidade de o candidato presidencial suspender o seu mandato de deputado, mas contestou a acusação feita pelo dirigente do PS, Vitalino Canas, que acusou o candidato de violar a Constituição.

"O PS censura esta actuação de Manuel Alegre, que não cumpriu os deveres constitucionais consagrados aos deputados", afirmou o dirigente socialista, acrescentando que o candidato a Belém "devia começar por cumprir a Constituição".

"Esta acusação baseia-se numa interpretação errónea da Constituição. Os deputados exercem livremente o seu mandato e têm o direito de não votar, por opção política pessoal, devidamente fundamentada", contrapôs Inês Pedrosa. "Manuel Alegre não violou a Constituição. Não só justificou o motivo da sua opção como se pôs à disposição do grupo parlamentar do PS para votar, caso tal fosse mais imprescindível para assegurar a votação do orçamento", sublinhou.

Antes de Vitalino Canas censurar a ausência de Alegre, já o deputado socialista Manuel Pizarro tinha desafiado o candidato presidencial a suspender o seu mandato na Assembleia da República. Afirmando falar em nome de "dezenas de deputados", Pizarro criticou Alegre por "beneficiar da sua condição de deputado e depois não cumprir os deveres inerentes a essa função".

O secretário-geral do PS, José Sócrates, recusou-se a comentar directamente a questão, mas lembrou que os deputados são eleitos para exercerem o seu mandato, enquanto Alberto Martins declarou que "a direcção da bancada entendeu não fazer quaisquer declarações sobre a matéria".