Presidência britânica da UE vai propor cortes no próximo orçamento comunitário
"Já tínhamos dito isto e a nossa posição não mudou. A proposta de orçamento feita pelo Luxemburgo era demasiado elevada", afirmou um porta-voz do primeiro-ministro britânico, em declarações à imprensa.
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"Já tínhamos dito isto e a nossa posição não mudou. A proposta de orçamento feita pelo Luxemburgo era demasiado elevada", afirmou um porta-voz do primeiro-ministro britânico, em declarações à imprensa.
Em Junho, o Luxemburgo, que então assegurava a presidência rotativa da UE, propôs um orçamento global para o período de 2007-2013 de 871 mil milhões de euros, ou seja, 1,06 por cento do Produto Nacional Bruto (PNB) dos 25.
Vários países, incluindo o Reino Unido, consideravam este montante demasiadamente elevado, mas os países mais pobres, em especial os dez novos Estados membros, sublinhavam a importância de não se reduzirem as verbas destinadas à coesão, sustentando que sem solidariedade não seria possível manter o projecto europeu.
O acordo foi bloqueado pelo Reino Unido à última hora, quando a maioria dos países já tinha dado o seu aval ao documento. Agora, Londres está sob forte pressão para obter um acordo na cimeira de Dezembro.
Apesar de a proposta não ser ainda conhecida, vários diários britânicos adiantam hoje que Blair vai propor aos seus parceiros um montante global não superior a 1,03 por cento do PNB, o que representa cortes na ordem dos 25 mil milhões de euros.
Segundo um diplomata europeu, citado pela AP, este corte irá reflectir-se nos fundos estruturais e de coesão – destinados a promover o desenvolvimento nos países e regiões mais desfavorecidos –, mas o Reino Unido pretende garantir que os Estados penalizados por esta redução terão acesso, através de outros instrumentos financeiros, a mais ajudas do que as previstas pela proposta luxemburguesa.
Ainda assim a proposta britânica não deverá ser bem recebida por vários países, em particular pelos dez novos Estados membros mas também por Portugal, para quem a modernização da economia europeia pretendida por Londres não pode ser feita à custa dos fundos de coesão.
Para tentar convencer os países de leste da bondade da nova proposta, Blair vai efectuar esta semana uma ronda por várias capitais europeias, que deverá começar em Talin, para conversações com os representantes dos países bálticos, seguindo depois para Budapeste, para contactos com dirigentes húngaros, polacos, checos e eslovacos.
Na próxima semana, a proposta britânica deverá ser apresentada aos chefes da diplomacia, na reunião preparatória da cimeira europeia. Até lá, Londres não pretende revelar pormenores do documento.
Desconhece-se, para já, se o Reino Unido pretende fazer concessões quanto ao “cheque britânico”, nome por que é conhecido o reembolso que Londres recebe a anualmente dos cofres comunitários. França exige a extinção deste benefício extraordinário, conseguido pelo país em 1984, mas o Reino Unido condiciona alterações nesta matéria a uma redução das verbas destinadas à Política Agrícola Comum, que consome 40 por cento dos fundos comunitários.