Vaticano quer impedir acesso dos homossexuais ao sacerdócio
Um excerto do documento, denominado "Instrução" - e que não se aplica aos sacerdotes já ordenados -, foi hoje colocado online pela agência noticiosa católica Adista e a sua autenticidade foi confirmada por várias fontes do Vaticano, que pediram o anonimato.
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Um excerto do documento, denominado "Instrução" - e que não se aplica aos sacerdotes já ordenados -, foi hoje colocado online pela agência noticiosa católica Adista e a sua autenticidade foi confirmada por várias fontes do Vaticano, que pediram o anonimato.
No documento lê-se que os homens "terão de ultrapassar claramente" as suas tendências homossexuais por um período de pelo menos três anos antes de poderem ingressar no caminho do sacerdócio. Ao longo dos três capítulos, com 21 parágrafos, reitera-se que, segundo a visão da Igreja Católica, as tendências homossexuais "são objectivamente perturbadas" e que os actos homossexuais constituem "um pecado grave". Os candidatos a padre "não podem apresentar distúrbios de natureza sexual incompatíveis com o sacerdócio".
Redigida pela Congregação para a Educação Católica do Vaticano, a "Instrução" salienta que a Igreja Católica respeita os homossexuais, mas que não pode "admitir no seminário e nas ordenações sagradas aqueles que pratiquem a homossexualidade, que estejam enraizados em tendências homossexuais ou que apoiem a chamada cultura 'gay'".
"Essas pessoas encontram-se, de facto, numa situação que representa um grande obstáculo a uma relação correcta com homens e mulheres. Não se deve ignorar as consequências negativas que podem advir da ordenação de pessoas com tendências homossexuais profundamente enraizadas", lê-se no documento.
A "Instrução" admite que, a homossexualidade como "mera expressão de um problema transitório, por exemplo no caso de uma adolescência por terminar, deve ainda assim ser claramente ultrapassada pelo menos três anos antes da sua ordenação como diácono", um estatuto que precede a ordenação em cerca de um ano.
O documento já terá chegado aos seminários e às mãos dos bispos de todo o mundo, impondo-se como uma directiva que confirma a política vigente na Igreja Católica e que foi evidenciada pelos escândalos de décadas de abuso sexual na Igreja dos Estados Unidos.
As organizações de defesa dos direitos dos homossexuais já lamentaram esta directiva da Igreja. O grupo norte-americano Human Rights Campaign acusou hoje o Vaticano de "usar os homossexuais como bodes expiatórios". O grupo dissidente da Igreja Católica "Católicos por uma Escolha Livre" definiu o documento como "um momento triste" para a Igreja, porque "exclui homens fiéis e bons que ouviram o chamamento do sacerdócio".