Mário Soares contra dramatização do défice público

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O candidato socialista lançou pistas sobre a posição de Portugal na UE António Cotrim/Lusa

Mário Soares esteve no Centro Cultural de Belém num jantar debate promovido pelo "Clube Chiado", subordinado ao tema "O futuro da Europa".

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Mário Soares esteve no Centro Cultural de Belém num jantar debate promovido pelo "Clube Chiado", subordinado ao tema "O futuro da Europa".

O economista João Ferreira do Amaral questionou Mário Soares sobre a preocupação de redução do défice público e, com o ex-ministro de Estado e das Finanças Campos e Cunha na plateia, o candidato discordou da atitude de se "dramatizar tanto o défice do país e de viver com só essa preocupação".

"Salazar resolveu o problema do défice em Portugal, mas o país, em termos de desenvolvimento, parou nos 48 anos em que ele esteve a governar", observou o ex-Presidente da República.

"Quero que Portugal tenha um desígnio nacional e não aceito que o país fique numa situação de desespero e de pessimismo do défice, quando se estão a passar também coisas extraordinárias", disse o ex-chefe de Estado e fundador do PS.

Aos jornalistas, Soares referiu que os principais objectivos da economia "são o crescimento e o desenvolvimento". "São legítimas as preocupações com o défice, mas mais legítimas são as preocupações com as questões sociais, porque se tratam de questões com pessoas e não com números", sustentou.

Na sua intervenção inicial, o candidato deixou alguns recados ao Governo - e criticou indirectamente os executivos PSD/CDS-PP - sobre a actuação do país na União Europeia. "Portugal deve participar activamente nesse esforço e dar o seu contributo, assumindo um papel activo e interveniente na União Europeia, como sucedeu em 2000, em contraste com o papel um tanto passivo que tem sido o seu nos últimos anos", observou.

Mário Soares considerou que a União Europeia vive actualmente "um impasse" e defendeu que, para Portugal, "seria gravíssimo se o projecto europeu perdesse dinamismo e enfraquecesse".

"Se a União Europeia ganhar um novo impulso, não há problemas nacionais que não tenham solução a curto ou médio prazo, mas a hipótese contrária criar-nos-ia uma situação péssima, muito dificilmente removível", sustentou.

Quanto ao estudo de opinião da Eurosondagem que prevê uma vitória de Cavaco Silva à primeira volta nas presidenciais, Mário Soares indicou apenas que as "sondagens referem um retrato da sociedade num determinado momento, mas a sociedade é uma realidade dinâmica".

Segundo a sondagem feita para o "Expresso", SIC e Rádio Renascença, Cavaco Silva consegue 52,5 por cento dos votos, enquanto Mário Soares fica em segundo lugar nas intenções de voto, com 18 por cento, à frente de Manuel Alegre, com 16,9 por cento.