O primeiro eclipse solar do século em Portugal é hoje
Como quase todos os meses acontece, a Lua vai passar entre a Terra e o Sol (circunstância que designamos por Lua Nova) mas, agora - numa das duas ocasiões possíveis em cada ano - colocando-se numa posição tal que uma linha imaginária que ligasse os centros do Sol e da Terra passaria também pelo centro da Lua. Dir-se-ia ser uma ocasião ideal para acontecer um eclipse total do Sol. Só que - circunstância ainda menos frequente - a "passagem" da Lua por tal posição ocorrerá com o nosso satélite natural suficientemente afastado da Terra para que a sua sombra não alcance a superfície terrestre.
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Como quase todos os meses acontece, a Lua vai passar entre a Terra e o Sol (circunstância que designamos por Lua Nova) mas, agora - numa das duas ocasiões possíveis em cada ano - colocando-se numa posição tal que uma linha imaginária que ligasse os centros do Sol e da Terra passaria também pelo centro da Lua. Dir-se-ia ser uma ocasião ideal para acontecer um eclipse total do Sol. Só que - circunstância ainda menos frequente - a "passagem" da Lua por tal posição ocorrerá com o nosso satélite natural suficientemente afastado da Terra para que a sua sombra não alcance a superfície terrestre.
Com efeito, devido à excentricidade da órbita da Lua, a sua distância à Terra varia entre 363 300 e 405 500 quilómetros, do que resulta um diâmetro aparente variável, parecendo a Lua maior quando se encontra mais perto da Terra e, pelo contrário, ligeiramente mais pequena quando em posições mais afastadas. Tendo em conta que o comprimento do cone de sombra lunar é, em média, 374 000 quilómetros, pode acontecer que numa ocasião de alinhamento perfeito entre os três astros - Sol, Lua e Terra - a Lua pareça mais pequena do que o Sol, pelo que se verificará um eclipse anular (de anel, annulu, em latim). Ficará, então, visível uma coroa circular, perfeita, mas muito fina, aspecto que só será observado sobre a linha de centralidade.
Em locais fora da referida linha, a coroa circular será tanto mais imperfeita quanto maior o afastamento. Para norte ou para sul da faixa em que o eclipse é visível como anular, o aspecto respectivo é designado por parcial.
No Norte irá ver-se um anel de luzEm Portugal, apenas algumas localidades do Norte do país se situam na faixa privilegiada de onde se verá o eclipse anular, ficando as regiões mais a sul limitadas à observação de um anel progressivamente mais "irregular" até ao aspecto que costuma designar-se por eclipse parcial. Bragança é a única cidade portuguesa a ter direito a ver o eclipse como anular - ou seja, a ver o espectáculo no seu maior esplendor.
A sul da faixa de anularidade - que, desta vez, não ultrapassará os 138 quilómetros de largura -, a porção de Sol eclipsada pela Lua será tanto menor quanto mais para sul se encontrar o observador. Mesmo no Funchal se poderá ver este eclipse, embora ali apenas um pouco mais de metade do Sol se apresente tapado (em 63 por cento). Também em Ponta Delgada, o Sol ficará tapado um pouco mais de 70 por cento.
Em todos os locais do país, o fenómeno começará pouco depois do nascer do Sol, pelo que a observação do início do eclipse só será possível a partir de posições com o horizonte desimpedido de obstáculos, como montanhas, árvores ou edifícios. Embora dependa dos locais, pode dizer-se, grosso modo, que o eclipse começará a ser visível em Portugal às 8h38, atingirá a fase maior pelas 9h53 e terminará pouco depois das 11h16.
Mas a faixa de anularidade começa no oceano Atlântico e, depois de passar pelo Norte de Portugal, Espanha e ilhas Baleares, segue para África. Atravessa então a Argélia, o Sudão, o Sudoeste da Etiópia, Quénia e extremo Sul da Somália. Termina ao pôr do Sol no oceano Índico.
Como os eclipses anulares pertencem ao tipo de eclipse mais raro - mais que os totais e ainda mais que os parciais -, o espectáculo de amanhã é para não perder.