Caneiro de Alcântara em risco de colapso

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A derrocada ou abatimento de terrenos podem afectar as estruturas da Ponte 25 de Abril André Kosters/Lusa

Um relatório solicitado pela Câmara Municipal de Lisboa ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), a que o jornal "Tal e Qual" diz ter tido acesso, concluiu em Janeiro de 2004 que era necessária uma intervenção urgente devido a anomalias detectadas num troço a montante da Estação de Tratamento de Águas Residuais de Alcântara.

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Um relatório solicitado pela Câmara Municipal de Lisboa ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), a que o jornal "Tal e Qual" diz ter tido acesso, concluiu em Janeiro de 2004 que era necessária uma intervenção urgente devido a anomalias detectadas num troço a montante da Estação de Tratamento de Águas Residuais de Alcântara.

De acordo com o relatório do LNEC, "o caneiro de Alcântara, o principal colector de águas pluviais e residuais da cidade, que atravessa no subsolo a húmida bacia de Alcântara, desde a Damaia até ao Tejo, numa distância de 9,5 quilómetros, está em risco de colapso".

O semanário escreve que, se tal acontecer, a derrocada ou abatimento de terrenos podem afectar as estruturas da Ponte 25 de Abril.

O relatório, datado de 1 de Janeiro de 2004, referente a um troço de 400 metros a montante da ETAR de Alcântara, aponta "a necessidade de uma intervenção urgente pois está localizado numa zona de risco, junto aos pilares da Ponte 25 de Abril, por onde os comboios iniciam a travessia do Tejo".

O documento refere que "dada a localização desta infra-estrutura em zonas extremamente sensíveis, nomeadamente sob estruturas várias e ferroviárias importantes (por exemplo a Avenida de Ceuta e o comboio para a Ponte 25 de Abril), deverá ser associada a mais elevada prioridade de intervenção para a correcção das anomalias detectadas".

Segundo o "Tal e Qual", "esta situação já seria conhecida desde o mandato de João Soares" e o vereador Rui Godinho terá alertado o então presidente da Câmara de Lisboa de que existiam rachas debaixo da ponte, no Vale de Alcântara, na altura a 350 metros a montante deste troço de 400 metros do relatório do LNEC.

Na altura, escreve o jornal, foram apenas feitos alguns remendos.

Com a eleição de Pedro Santana Lopes para a presidência da Câmara e na sequência da detecção das fissuras no troço de 400 metros que liga à ETAR, com consequente cedência do terreno, a autarquia solicitou o relatório ao LNEC.

A inspecção resultou no relatório que o "Tal e Qual" agora publicou.

Mais de ano e meio depois, aquela que é uma das mais antigas e problemáticas secções do colector de águas continua a aguardar por obras de consolidação.

O caneiro de Alcântara, que resultou da canalização da ribeira com o mesmo nome, realizado há cerca de 60 anos, tem início na Damaia, atravessa Benfica e desagua no Tejo.

De acordo com o "Tal e Qual", são vários os troços em que têm sido detectadas fissuras, acumulação de sedimentos e outras anomalias, alvo de intervenções esporádicas.

Contactada pelo semanário, a Estradas de Portugal, organismo responsável pela estrutura rodoviária da travessia do Tejo, alega que o "caneiro de Alcântara é da responsabilidade da Câmara Municipal de Lisboa", pelo que deverá ser a autarquia a responder sobre as eventuais "implicações com outras construções".

A assessoria de Carmona Rodrigues assegurou ao jornal que no seguimento de um acordo de liquidação de dívidas, a obra já se encontra adjudicada à Simtejo.

O assessor João Reis disse que a obra "ainda não começou, mas já está em fase técnica, com sondagens e levantamentos topográficos".

Por seu turno, fonte da Águas de Portugal disse ao jornal que "a Simtejo é dona, não empreiteira da obra, que foi adjudicada à Alves Ribeiro que neste momento está a proceder ao levantamento topográfico".

A mesma fonte disse que o início das obras, consideradas "urgentes" e "prioritárias" pelo relatório do LNEC de Janeiro do ano passado, "ainda não tem data marcada" e que "só a 15 de Agosto deste ano foi adjudicada" à empresa Alves Ribeiro.