Sócrates propôs a Sampaio a exoneração do ministro das Finanças

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Campos e Cunha alegou motivos pessoais e cansaço para deixar o cargo Lusa

Segundo uma fonte oficial, citada pela agência, terá sido o próprio ministro a pedir a sua substituição, alegando razões pessoais, familiares e cansaço.

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Segundo uma fonte oficial, citada pela agência, terá sido o próprio ministro a pedir a sua substituição, alegando razões pessoais, familiares e cansaço.

De acordo com a mesma fonte, José Sócrates, “no mesmo momento” em que pediu a exoneração de Campos e Cunha, propôs ao Presidente da República a nomeação de Fernando Teixeira dos Santos para assumir a tutela do Ministério das Finanças.

Teixeira dos Santos preside actualmente ao conselho executivo da Comissão de Mercados e Valores Mobiliários (CMVM), foi secretário de Estado dos governos de António Guterres e é professor universitário.

A inesperada demissão ocorre duas semanas depois do Parlamento ter aprovado o orçamento rectificativo para 2005, marcado pelo aumento do IVA, e numa altura em que o Executivo avança com algumas das medidas de contenção orçamental para equilibrar o défice público.

Contudo, no domingo passado, Campos e Cunha assinava um artigo no PÚBLICO, admitindo que, face à deterioração das perspectivas económicas seria necessário adoptar mais medidas de contenção da despesa, possivelmente já para 2006. O ministro aparentou também nos últimos dias algum distanciamento em relação aos projectos da Ota e do comboio de alta velocidade, bandeiras do programa de investimentos com que o Governo quer relançar a economia nacional.

Os pouco mais de cem dias em que chefiou a pasta das Finanças ficam marcados pelas medidas de austeridade propostas para combater o défice (como o aumento da idade da reforma dos funcionários públicos, o congelamento das carreiras ou o aumento da taxa máxima do IVA), na origem de fortes protestos da oposição e sindicatos.

Mas a sua passagem pelo Governo fica também marcada pela polémica, quando foi revelado que acumulava uma reforma pelos seis anos em que foi vice-governador do Banco de Portugal (114.000 euros/ano) com o salário de ministro (de 6759 euros de euros por mês). Na sequência deste caso, o Governo aprovou uma legislação impedindo os titulares de cargos públicos de acumular os dois vencimentos por inteiro.