França vai acolher primeiro reactor experimental de fusão nuclear
A decisão foi adoptada numa declaração conjunta assinada hoje em Moscovo pelos países que compõem o consórcio que financia o projecto: União Europeia, Estados Unidos, Japão, Rússia, China e Coreia do Sul.
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A decisão foi adoptada numa declaração conjunta assinada hoje em Moscovo pelos países que compõem o consórcio que financia o projecto: União Europeia, Estados Unidos, Japão, Rússia, China e Coreia do Sul.
Para além da cidade de Cadarache, a japonesa Rokkasho Mura, a canadiana Clarington e a espanhola Vandellós também se tinham candidatado para receber o reactor.
A escolha da França para sede do primeiro reactor experimental termonuclear internacional (ITER) coloca a União Europeia numa posição de vanguarda no desenvolvimento desta promissora fonte de energia renovável, limpa e barata.
O programa de investigação científica e estratégica do reactor está orçado em 10 mil milhões de euros durante os próximos 30 anos.
A escolha pôs termo a um prolongado braço de ferro entre o Japão, apoiado por Washington e Seul, e a União Europeia, que contava com o apoio de Moscovo e Pequim.
Tóquio bateu-se com unhas e dentes durante meses para defender a localização do projecto em Rokkasho-Mura, no norte do arquipélago, até que o governo japonês deu a entender, na semana passada, que iria retirar a sua candidatura, a troco de compensações cujos detalhes deverão ainda hoje ser anunciados.
O que o distingue um reactor termonuclear das actuais centrais nucleares é basear-se na fusão e não na fissão nuclear, libertando no processo apenas hélio, um gás inerte e inofensivo, e não resíduos perigosos.A fusão termonuclear controlada tem por ambição reproduzir a energia que se gera no Sol e nas estrelas.
O processo, longe ainda de estar dominado, consiste em fundir núcleos de átomos de deutério (isótopo pesado do hidrogénio) para formar trítio (outro isótopo, mas leve, do hidrogénio), produzindo uma grande quantidade de energia.
Embora sejam necessários anos de experiências para se chegar à produção comercial de electricidade desta forma, o processo perfila-se como uma das alternativas mais fiáveis para enfrentar a crise energética resultante do previsível esgotamento das reservas de combustíveis convencionais, como o petróleo, o gás e o carvão.
Criado sob a égide do Organismo Internacional de Energia Atómica (OIEA), o projecto ITER é o programa de cooperação científica internacional mais importante depois da Estação Espacial Internacional (ISS).