Quercus cria micro-reserva para salvar planta endémica do Alentejo
“A espécie tem uma distribuição restritíssima, a apenas dois ou três sítios”, nos limites do concelho de Cuba com Beja e Alvito, explicou José Paulo Martins, do núcleo de Beja da Quercus, ao PUBLICO.PT. Os dois núcleos populacionais actualmente conhecidos incluem algumas centenas de exemplares.
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“A espécie tem uma distribuição restritíssima, a apenas dois ou três sítios”, nos limites do concelho de Cuba com Beja e Alvito, explicou José Paulo Martins, do núcleo de Beja da Quercus, ao PUBLICO.PT. Os dois núcleos populacionais actualmente conhecidos incluem algumas centenas de exemplares.
A ameaça da seca vem agora juntar-se à da agricultura intensiva (nomeadamente através dos efeitos dos herbicidas utilizados), pastorícia intensiva e pisoteio.
Para tentar recuperar esta raro e ameaçado endemismo botânico, que está incluído no Anexo II da Directiva Habitat (92/43/CEE), a Quercus adquiriu cerca de um hectare, junto a uma linha de água, num terreno agrícola privado. “Tentámos comprar o terreno onde se encontra a espécie mas tal não foi possível. Por isso, adquirimos o terreno ao lado. Agora vamos vedá-lo (em Setembro ou Outubro) e iniciar o processo de transferência da planta”, acrescentou.
Além da vedação do terreno, a Quercus fará uma gestão do local, com sinalização das plantas e projectos de recolha de sementes para posterior repovoamento de espaços a designar. “Temos de ter a certeza de que esses espaços têm condições para receber a planta”. A associação pretende, no futuro, expandir a espécie para zonas da sua antiga área natural de distribuição.
A planta estava já a ser acompanhada e monitorizada por uma equipa do Instituto de Conservação da Natureza (organismo do Ministério do Ambiente), entidade que também participa neste projecto da Quercus. O ICN está a desenvolver um projecto LIFE para a preservação desta e de outras sete espécies da flora.
Como algumas das populações da “Linaria ricardoi” ficaram fora da Rede Natura 2000, os seus limites serão agora alterados.
O projecto, cuja primeira fase está orçada em cerca de sete mil euros, conta ainda com o apoio da Associação Lusitana de Fitossociologia (Alfa). Esta é a quarta micro-reserva biológica criada pela Quercus.
A “Linaria ricardoi” é uma planta anual que floresce em Março e Abril e que ocorre preferencialmente em searas de trigo e de aveia com baixa intervenção humana, em sob-coberto de olival ou de montado e bermas dos caminhos circundantes. Prefere solos ácidos, de textura média ou argilosa.
Segundo a Quercus, as micro-reservas são pequenas áreas protegidas, raramente com mais de 20 hectares e têm obrigatoriamente que possuir um plano de gestão.