Michael Jackson absolvido de todos os crimes
Jackson foi absolvido das acusações de cinco crimes de abuso sexual de um menor (um deles na forma de tentativa), de quatro crimes de administração de bebidas alcoólicas a menores e de um crime de conspiração e tentativa de rapto de um menor.
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Jackson foi absolvido das acusações de cinco crimes de abuso sexual de um menor (um deles na forma de tentativa), de quatro crimes de administração de bebidas alcoólicas a menores e de um crime de conspiração e tentativa de rapto de um menor.
A leitura do veredicto não demorou mais do que cinco minutos e foi transmitida via áudio para o exterior da sala, onde centenas de fãs do artista aguardavam num ambiente de celebração e tremenda expectativa desde que o júri comunicou ao juiz que tinha finalmente alcançado um veredicto. Michael Jackson compareceu no tribunal com toda a sua família, e não revelou o mínimo sinal de emoção. Ao contrário das irmãs Janet e Latoya, que romperam em lágrimas assim que se ouviu a palavra "inocente", o artista - que enfrentava a possibilidade de passar os próximos 20 anos na prisão no caso de uma condenação - não reagiu, mantendo uma postura próxima do transe. Antes de sair da sala, o Rei da Pop limpou os olhos com um lenço de papel e abraçou o seu advogado.
Depois da leitura do veredicto, alcançado ao fim de 32 horas de deliberações, a família Jackson abandonou o tribunal sem prestar declarações. O juíz Rodney Melville dissolveu o júri e decretou o fim do processo. Na rua, o ambiente era de perfeita loucura, com a multidão a gritar, chorar e acenar ao seu ídolo, exibindo cartazes com citações religiosas, corações e declarações de apoio ao cantor. Havia confetis e garrafas de champanhe.
Uma vitória retumbante de Michael Jackson e da sua equipa jurídica; um falhanço completo do Ministério Público, que não irá recorrer da sentença. Numa breve conferência de imprensa no final da sessão, o procurador do Ministério Público e responsável pela acusação, Ronald Zonen, expressou a sua frustração pelo desfecho do processo, mas afastou qualquer cenário de contestação da decisão do júri. Na sua opinião, o Ministério Público realizou um trabalho "competente", mas foi derrotado pelo factor "celebridade" que rodeia Michael Jackson.
A decisão do júri foi celebrada em histeria nas imediações do edifício do tribunal e recebida com surpresa por alguns dos analistas que seguiam o caso, e admitiam como muito provável a hipótese de uma condenação do artista em alguns dos crimes de que estava acusado.
Afinal, prevaleceu a estratégia da defesa, que apelou dramaticamente aos jurados para respeitarem o princípio da "dúvida razoável". Sem nunca ter chamado Michael Jackson a pronunciar-se sobre as acusações, o advogado do artista, Thomas Mesereau Jr., atacou a credibilidade do jovem acusador e sobretudo expôs as intenções da sua família como apenas um plano para extorquir dinheiro ao cantor.
Segundo alguns especialistas, as duas provas "críticas" levadas a tribunal foram duas gravações apresentadas pela defesa e pela acusação: uma com a entrevista policial ao acusador na sequência da apresentação da queixa de abuso sexual, em que o jovem aparecia hesitante, tímido e desconfortável, e outra com o documentário do jornalista britânico Martin Bashir, no qual o cantor aparecia abraçado ao jovem Arvizo e admitia gostar de dormir com crianças.
O juíz instruiu os jurados a considerarem as gravações como provas do comportamento e credibilidade tanto do cantor como do seu acusador, frisando que em caso algum deveriam assumir como "verídicas" as afirmações dos filmes. Como explicaram os analistas que diariamente avaliavam os acontecimentos em tribunal, as gravações eram fundamentais para solidificar as simpatias dos jurados, num caso que, no limite, se resumiu à palavra de um contra o outro.
No início do dia, os jurados requisitaram a transcrição do depoimento do jovem acusador de Jackson, Gavin Arvizo, que prestou declarações ao longo de quatro sessões de julgamento. Ao final da manhã, anunciaram estar em acordo quanto aos veredictos dos dez crimes de que Michael Jackson estava acusado.
Termina assim uma longa novela, que despertou a atenção da opinião pública em todo o mundo desde que a polícia de Los Angeles entrou pela primeira vez no rancho de Neverland em busca de provas de abuso sexual de um menor. Desde o início o artista declarou a sua inocência, mas não conseguiu evitar a acusação por um Grande Júri e um emocional julgamento, por onde passaram mais de 130 testemunhas e onde a vida sexual, artística e financeira do artista foi escrutinada à exaustão.