Columbano quase impressionista hoje em leilão
O quadro, uma pintura sobre madeira, é posto à venda pelo Palácio do Correio Velho, na Calçada do Combro, num dos mais importantes leilões dos últimos 30 anos, diz Luís Castelo Lopes, administrador da casa. A sessão, com 260 lotes, começa às 21h00.
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O quadro, uma pintura sobre madeira, é posto à venda pelo Palácio do Correio Velho, na Calçada do Combro, num dos mais importantes leilões dos últimos 30 anos, diz Luís Castelo Lopes, administrador da casa. A sessão, com 260 lotes, começa às 21h00.
A obra é um estudo preparatório do célebre O Concerto de Amadores (Paris, 1882), do Museu do Chiado, mostrando "uma liberdade que o aproxima da modernidade", explica Pedro Lapa, director do museu de Lisboa. Lapa diz que é "um estudo magnífico", mas uma versão com autonomia, por isso o pintor assinou-a. Diz ainda que o estudo, que também se chama O Concerto de Amadores, é uma obra pré-impressionista, porque Columbano explora aqui "a autonomia da pincelada e da mancha cromática" e os seus valores bidimensionais, fora das preocupações com os pormenores do naturalismo.
O director acrescenta que "a obra mostra uma dimensão radicalmente moderna" que atravessa a pintura de Columbano durante a década de 80: "A síntese de valores cromáticos puros, como os pretos ou os brancos (sem meios tons), configuram a interiorização da lição de Manet e uma sincronização com uma modernidade internacional." No Chiado, há outra obra com valores semelhantes - Retrato de Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro (Lisboa, 1885).
A pintura O Concerto de Amadores do Chiado é considerada uma das mais importantes obras do século XIX português e Columbano, nas palavras de Pedro Lapa, "o único pintor do século XIX com interesse internacional". Foi feita para o Salon de Paris de 1882, quando Columbano era bolseiro em França.
"O Instituto Português de Museus [IPM] vai estar presente no leilão", diz Isabel Cordeiro, subdirectora da instituição, acrescentando apenas que foram pedidos pareceres sobre a importância patrimonial de algumas das obras em leilão.
No leilão, segundo a lei portuguesa, o IPM pode licitar ou exercer o direito de preferência no caso de peças classificadas ou em vias de classificação. Até ao início do leilão, hoje à noite, através da intervenção do Ministério da Cultura, o instituto pode ainda proceder à classificação de algumas obras como interesse nacional (tesouro nacional) ou interesse público. Nesse caso, os novos proprietários das obras não podem, por exemplo, vendê-las sem o conhecimento do Estado ou exportá-las sem um pedido de autorização.
Em 2001, o IPM exerceu o direito de preferência numa venda de um quadro de Columbano por 350 mil euros, O Sarau, mas o novo proprietário, João Pereira Coutinho, contestou o direito evocado, porque o quadro não estava classificado ou em vias de classificação. O instituto desistiu da compra.