Rui Rio considera que Governo está mal informado sobre Centro Materno-Infantil do Norte
O ministro da Saúde, Correia de Campos, decidiu ontem suspender a construção do Centro Materno-Infantil do Norte (CMIN) no Hospital de S. João, no Porto, e não pagar a parte que falta liquidar para a construção daquele bairro social, no valor de 1,5 milhões de euros, considerando que o Ministério da Saúde está a ser lesado de forma "indigna". O Bairro de Parceria e Antunes, onde viviam 150 famílias, foi demolido para no local se construir o CMIN.
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O ministro da Saúde, Correia de Campos, decidiu ontem suspender a construção do Centro Materno-Infantil do Norte (CMIN) no Hospital de S. João, no Porto, e não pagar a parte que falta liquidar para a construção daquele bairro social, no valor de 1,5 milhões de euros, considerando que o Ministério da Saúde está a ser lesado de forma "indigna". O Bairro de Parceria e Antunes, onde viviam 150 famílias, foi demolido para no local se construir o CMIN.
A opção de Correia de Campos foi comunicada aos deputados da comissão parlamentar de Saúde e Toxicodependência, onde o ministro da Saúde esteve presente pela primeira vez, tendo o governante adiantado que exigiu às autoridades de saúde do Norte (ARS Norte) que lhe apresentem uma nova proposta para a construção do CMIN dentro de dois meses.
O ministro explicou que o despacho que irá enviar para publicação "suspende a decisão, ou a não decisão, de construir o CMIN no Hospital de S. João", argumentando que não foi encontrado qualquer documento do anterior Governo que decida a construção do centro na unidade de S. João, e não junto à Maternidade Júlio Dinis, onde estava inicialmente prevista.
Correia de Campos classificou ainda todo o processo de decisão da construção do CMIN conduzido pelo seu antecessor, Luís Filipe Pereira, como "indigno das tradições do Ministério da Saúde", ao colocar a tutela a financiar em mais de 60 por cento (2,5 milhões de euros) a construção de um bairro social pela Câmara do Porto.
O ministro sublinhou que "a função do Ministério da Saúde não é construir bairros sociais" e que "enquanto for ministro" o seu gabinete não vai pagar a parte que falta liquidar para a construção do bairro social.
Fonte do gabinete de Correia de Campos adiantou aos jornalistas que o ministério está a ser lesado em 10 milhões de euros com todo o processo.
"Conheço o ministro Correia de Campos, trabalhei com ele no Parlamento quando eramos ambos deputados, pelo que não acredito que a decisão seja por má fé, nem que esteja a participar numa campanha contra a Câmara do Porto, mas sim uma consequência de não conhecer o 'dossier' e de ter sido mal informado", disse hoje o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio.
O autarca, que falava aos jornalistas no final de uma reunião da Administração do Metro do Porto, a que pertence, referiu que hoje mesmo vai tentar telefonar ao ministro "para lhe mostrar que está enganado". "Digo isto porque tenho a certeza que [o ministro] não pode tirar aquelas conclusões se estivesse de posse de todos os dados relativamente a este problema", sustentou.
Quanto à decisão do ministro da Saúde de suspender a construção do CMIN junto ao Hospital de S. João, Rui Rio referiu que essa é uma questão que ultrapassa a autarquia. "A única coisa que a Câmara pretende é que o CMIN se construa", sublinhou.
O autarca admitiu, no entanto, que a decisão sobre a sua construção e localização pertence inteiramente ao Ministério da Saúde, sendo que à autarquia apenas compete "exigir a construção do CMIN". "Porque, se isso não acontecer, a cidade do Porto e toda a região Norte do país ficam a perder", concluiu.