Reitor de Coimbra considera que luta dos estudantes afastou apoiantes

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Seabra Santos continua a não granjear o apoio dos alunos de Coimbra Sérgio Azenha/PÚBLICO

"O ministro Mariano Gago já deu sinais de querer limitar a representatividade dos estudantes. Lamento que tenham afastado quem (os) poderia apoiar, professores e funcionários", declarou Seabra Santos, num debate promovido pela Associação Académica de Coimbra (AAC).

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"O ministro Mariano Gago já deu sinais de querer limitar a representatividade dos estudantes. Lamento que tenham afastado quem (os) poderia apoiar, professores e funcionários", declarou Seabra Santos, num debate promovido pela Associação Académica de Coimbra (AAC).

Na opinião do reitor, a estratégia dos estudantes de criar cisão no seio da universidade na oposição à fixação das propinas, "afugentou quem (os) poderia apoiar" contra uma eventual eliminação da paridade em sede da revisão da Lei de Autonomia Universitária.

Num debate em que foi visível a crispação de parte dos estudantes para com o reitor, Seabra Santos lamentou ainda que os sucessivos governos continuem a não eleger a educação como prioridade.

"Portugal tem de investir mais em educação. Mas não é desta que vamos chegar lá", frisou o reitor, aludindo às posições assumidas pelo Ministro da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, que, na sua perspectiva, não indiciam que o Governo irá investir para suprir o atraso de Portugal em relação à média europeia de licenciados.

O reitor, que em diversos momentos foi alvo atitudes menos corteses da parte dos estudantes - que vaiaram o seu discurso, o trataram por "senhor Seabra" e o consideraram "bom elemento do antigo regime" - assumiu perante os estudantes ser defensor de "uma taxa moderadora" pelo acesso ao bem educação.

No entanto, o reitor criticou o antigo ministro Pedro Lynce acusando-o de fomentar clivagens no seio das instituições, criando uma lei de financiamento que responsabiliza as instituições pela fixação do valor das propinas.

"Não venham pedir ao reitor que pegue numa kalashnikov. Vamos fazer o que a lei da Assembleia da República nos impõe", frisou, manifestando-se disponível para lutar pela consagração de outras políticas.

Fernando Gonçalves, presidente da AAC, a quem coube encerrar o debate, lamentou que ao longo dos anos tenham "mudado os ministros, mas as políticas continuem as mesmas". O presidente da AAC defendeu que Seabra Santos deve renunciar ao cargo de reitor, porque os estudantes "não esquecem o 20 de Outubro" de 2004, quando este chamou a polícia de intervenção para evitar nova invasão da reunião do Senado que iria fixar o montante das propinas.