Corretores da bolsa, taxistas e seguranças são os mais viciados em tabaco

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Muitos inquiridos associam o vício ao seu emprego Andrew Winning/Reuters

O estudo da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) - enquanto representante em Portugal da Iniciativa Global para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (GOLD) - procurou apurar quais as profissões mais desgastantes e o relacionamento destas com o tabaco.

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O estudo da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) - enquanto representante em Portugal da Iniciativa Global para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (GOLD) - procurou apurar quais as profissões mais desgastantes e o relacionamento destas com o tabaco.

A investigação baseou-se em 402 entrevistas realizadas a fumadores e ex-fumadores de profissões consideradas de elevado nível de "stress": gestores, profissionais de saúde, publicitários e relações públicas, jornalistas e fotojornalistas, controladores aéreos, correctores da bolsa, trabalhadores dos serviços de protecção e segurança e taxistas.

Os correctores da bolsa, os taxistas e os profissionais de segurança foram os que revelaram maiores níveis de dependência tabágica. Mas são os jornalistas, os corretores de bolsa e os taxistas os que mais fumam habitualmente no trabalho com a justificação de que o cigarro gere o "stress" e ajuda a relaxar.

Mais de um quarto dos entrevistados (25,2 por cento) assumiu que diminuiria o número de cigarros fumados por dia, "caso deixasse a actual profissão". Metade dos entrevistados (49,4 por cento) já deixou de fumar, embora mais de metade (58,2 por cento) tenha retomado o vício ao fim do primeiro mês.

O cancro do pulmão constitui a doença mais temida pelos fumadores, com 76,2 por cento a nomeá-la em primeiro lugar como doença associada ao tabagismo e 94,1 por cento a referi-la.

O estudo pretendia também avaliar o grau de conhecimento dos fumadores sobre a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), patologia que depende dos hábitos tabágicos. Apesar de o tabaco aumentar o risco de DPOC, os fumadores sabem pouco sobre esta doença, segundo concluiu o estudo, intitulado "Hábitos de tabagismo nas profissões com elevados níveis de stress".

A DPOC foi referenciada por 9,7 por cento do total dos entrevistados, enquanto pouco mais de um quinto dos inquiridos afirmou já ter ouvido falar da doença. Só 15,7 por cento dos inquiridos mostraram saber o que significa a sigla.

A DPOC é uma doença pulmonar caracterizada por "limitações na fluidez respiratória, acompanhada por dificuldade respiratória, tosse e aumento da produção de expectoração". Os doentes com DPOC são incapazes de desenvolver actividades normais, como subir escadas, passear o cão ou escovar o cabelo.

Para sensibilizar a população portuguesa para a DPOC - que atinge entre 500 e 600 mil doentes em Portugal - a SPP e a GOLD vão realizar uma campanha de informação sobre a patologia que arranca a 4 de Maio. Até ao final do ano vão realizar-se rastreios gratuitos nas capitais de distrito e acções de sensibilização.