Berlusconi sofre pesada derrota nas regionais

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A imagem de Silvio Berlusconi é posta em causa pela sua derrota a nível nacional Pier Paolo Cito/AP

A dimensão da derrota só seria conhecida ao fim da noite de ontem, com a conclusão da contagem dos votos. Mas um cálculo à escala nacional feito pelos Democratas de Esquerda (DS, pós-comunistas) indicava que a a aliança da oposição, agora denominada A União, poderia somar 52,3 por cento dos votos, contra 44,1 da Casa das Liberdades. Mas são cálculos precoces e sujeitos a erro. A maioria dos dirigentes do centro-esquerda exultava, proclamando vitória. "Vitória clara, somos nós agora a maioria", disse Piero Fassino, líder dos DS. "Vencemos as eleições", sintetizou Francesco Rutelli, ex-líder do centro-esquerda. "Quando estamos unidos, vencemos. Os italianos pedem-nos que nos preparemos para governar. A Itália precisa de credibilidade, esperança e unidade", declarou Romano Prodi, o grande vencedor destas eleições.

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A dimensão da derrota só seria conhecida ao fim da noite de ontem, com a conclusão da contagem dos votos. Mas um cálculo à escala nacional feito pelos Democratas de Esquerda (DS, pós-comunistas) indicava que a a aliança da oposição, agora denominada A União, poderia somar 52,3 por cento dos votos, contra 44,1 da Casa das Liberdades. Mas são cálculos precoces e sujeitos a erro. A maioria dos dirigentes do centro-esquerda exultava, proclamando vitória. "Vitória clara, somos nós agora a maioria", disse Piero Fassino, líder dos DS. "Vencemos as eleições", sintetizou Francesco Rutelli, ex-líder do centro-esquerda. "Quando estamos unidos, vencemos. Os italianos pedem-nos que nos preparemos para governar. A Itália precisa de credibilidade, esperança e unidade", declarou Romano Prodi, o grande vencedor destas eleições.

Outros mantinham-se prudentes. "É preciso ser cauteloso, mas o resultado que se anuncia é largamente superior às nossas mais optimistas expectativas", disse Arturo Parisi, colaborador de Prodi. "Como São Tomé, quero ver para crer", resumiu Rosy Bindi, uma dirigente do centro-esquerda.

A afluência às urnas nas regionais desceu ligeiramente em relação a 2000 (passou de 73 por cento para cerca de 71 por cento) não tendo influência nos resultados.

Duelo em Roma

As eleições realizaram-se em 13 das 20 regiões (a de Basilicate votará daqui a duas semanas e as outras cinco não estavam em jogo). A aliança governamental estava ontem em risco de perder seis das oito regiões que controlava. Só tinha vantagem clara na Lombardia (região de Milão) e na Venécia (região de Veneza).

A derrota era certa na Ligúria, Abruzos e Calabria. No Piemonte, na Apúlia e no Lácio (região de Roma), as projecções feitas a partir das sondagens à boca das urnas colocavam a oposição à frente, mas com vantagem estreita. Em compensação, o centro-esquerda mantém facilmente as regiões que detinha.

As duas grandes incógnitas eram o Lácio e o Piemonte, que a direita conquistou em 2000. No Lácio, a projecção Nexus para a RAI dava 49,8 por cento ao candidato da esquerda, Piero Marrazo, e 48,2 a Francesco Storace, dirigente da Aliança Nacional (AN, pósfascista). Mas, às 20h00 locais, uma nova projecção colocava Marrazo com quatro ponto de vantagem (51% contra 47,1%).

A dramatização deste duelo foi imposta pelo próprio Storace que preveniu: "Se o Lácio cair, Prodi vencerá inevitavelmente Berlusconi" [nas legislativas de 2006]. Storace foi prejudicado pela candidatura de Alessandra Mussolini, neta do Duce e dissidente da AN, que teria obtido cerca de dois por cento.

No Piemonte (região de Turim), a mesma projecção dava uma curta vantagem ao candidato da oposição: 49,6% contra 48,1%. Mas, à noite, a oposição declarava-se segura da vitória.

Prodi em alta

Antes da votação, perante sondagens desfavoráveis, Silvio Berlusconi desvalorizou a perda de regiões ou cidades, afirmando que apenas era revelante a tendência nacional. Alguns politólogos italianos disseram exactamente o mesmo.

Ora, Berlusconi perde nos termos do próprio critério de vitória ou derrota que definiu. O Governo, manifestamente desunido e em perda de velocidade, não é posto em causa por estas eleições. De resto, o primeiro-ministro garantiu que não se demitiria. Mas é previsível o aumento da tensão na maioria. Algumas sibilinas declarações de dirigentes da AN e da Liga Norte são disso sinal.

Inversamente, a União aparece subitamente unida e com uma inesperada dinâmica. Houve fortes resistências ao regresso de Prodi à sua liderança. Um dos críticos, Rutelli, foi ontem categórico: "Prodi é o nosso líder."A União, que sucedeu à coligação Oliveira, é uma constelação de forças de centro e de esquerda, atravessada por muitas tensões, desde divergências de programa à desproporção de forças entre os DS, maioritários, e os pequenos grupos que compõem a federação Margarida, de Rutelli. Está criada uma dinâmica de unidade.

E, provavelmente, também uma dinâmica de vitória, quando parecia no impasse. Prodi anunciou a aceleração da redacção do programa de governo. Disse que não pediria a demissão do executivo. Quer um ano para reestruturar o seu campo.

O "populismo mediático" de Berlusconi já fez milagres eleitorais. Mas o modelo dá claros sinais de esgotamento. As elites, lideradas pelo grande patronato, já lhe retiraram a confiança, apostando no centro-esquerda. Ontem foi a vez da massa dos eleitores.