Nacionalistas à procura da maioria absoluta no País Basco

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O "lendakari" Juan Jose Ibarretxe em campanha Javier Echezarreta/EPA

"Se vencermos as eleições, às oito da manhã de 18 de Abril abriremos o processo de negociação", disse o "lendakari", presidente do governo basco, Juan José Ibarretxe e candidato a novo mandato, na apresentação da lista conjunta do Partido Nacionalista Basco (PNV) com EA [Euska Alkartasuna]. A negociação a que se refere Ibarretxe é a proposta pelo plano que tem o seu apelido, a de livre associação de Euskadi com o Estado espanhol, chumbada por esmagadora maioria absoluta no Parlamento de Madrid em Fevereiro último. Para o bloco nacionalista, a próxima consulta aos 1,7 milhões de eleitores bascos funciona, pois, como referendo ao plano apresentado há dois anos e não é mais que uma antecâmara de um conflito institucional entre o País Basco e Madrid.

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"Se vencermos as eleições, às oito da manhã de 18 de Abril abriremos o processo de negociação", disse o "lendakari", presidente do governo basco, Juan José Ibarretxe e candidato a novo mandato, na apresentação da lista conjunta do Partido Nacionalista Basco (PNV) com EA [Euska Alkartasuna]. A negociação a que se refere Ibarretxe é a proposta pelo plano que tem o seu apelido, a de livre associação de Euskadi com o Estado espanhol, chumbada por esmagadora maioria absoluta no Parlamento de Madrid em Fevereiro último. Para o bloco nacionalista, a próxima consulta aos 1,7 milhões de eleitores bascos funciona, pois, como referendo ao plano apresentado há dois anos e não é mais que uma antecâmara de um conflito institucional entre o País Basco e Madrid.

Todas as sondagens atribuem à coligação PNV-EA, que actualmente lidera o executivo regional de Vitória, um resultado aquém da maioria absoluta de 38 parlamentares num hemiciclo de 75 deputados: entre 35 a 37 eleitos. Contudo, os nacionalistas contam com o apoio dos comunistas bascos que, segundo os mesmos inquéritos de opinião, terão um máximo de quatro parlamentares. Embora os analistas considerem que as sondagens em Euskadi são pouco fiáveis - dado que 30 por cento dos questionados se negam a responder - estaria assegurada a maioria absoluta necessária a nova apresentação do plano Ibarretxe.

Lista ligada a Batasuna enfrenta proibição

Já não é líquido que a coligação PNV-EA beneficie da proibição da candidatura da plataforma Aukera Guztiak ["Todas as Opções", em euskerra, a língua basca], que o Tribunal Constitucional de Espanha apreciava ao fim da tarde de ontem. Aukera Guztiak não condenou o terrorismo da ETA, pelo que, segundo a Lei dos Partidos Políticos, não se pode apresentar às eleições. O Ministério Público espanhol argumenta que a lista de Aukera Guztiak é a continuidade de Batasuna, ilegalizada por ser considerado o braço político etarra, e revelou excertos de uma conversa entre um preso da ETA e uma dirigente radical, na qual foi abordada a constituição de uma "lista branca", ou seja, sem elementos conotados com Batasuna, mas que preenchesse o mesmo espaço político.

As forças que se opõem ao projecto nacionalista, os socialistas do PSE (Partido Socialista de Euskadi) e o PP (Partido Popular), não somariam mais deputados que nas eleições de 2001. Embora trocando de posições, com o PSE a ser a segunda força política, cumprindo a "regra de ouro" dos escrutínios no País Basco: a cor política que governa em Espanha é sempre a segunda mais votada regionalmente. O que seria o fracasso da estratégia do líder socialista basco Patxi López, que apostou num distanciamento do PP para, aproveitando a radicalidade do PNV-EA, atrair o eleitorado nacionalista moderado.

O PP, que aposta na popularidade junto do eleitorado não nacionalista da sua candidata Maria San Gil, vereadora em San Sebastian, radicalizou a sua mensagem na pré campanha. Critica o distanciamento dos socialistas bascos, que acusa ser fruto da opção de Zapatero de reforma dos estatutos autonómicos, e afirma que existe um pacto tácito do PSE com os nacionalistas. O objectivo é passar a terceira força. Razão pela qual, o líder dos populares, Mariano Rajoy, participará em cinco comícios, quando inicialmente estavam programados apenas três.

A estratégia do PP visa, também, o presidente do Governo espanhol, cuja sobrevivência depende dos acordos com os republicanos da Catalunha, que defendem a reforma estatutária e apoiaram em Madrid o plano Ibarretxe. Esta debilidade do Executivo suscita polémica e reparos na família socialista. "As questões de identidade ou as propostas de autodeterminação estão misturadas com as reformas do financiamento [das regiões], o que pode romper os elementos básicos da coesão", alertava ontem Felipe González, ex presidente do Governo e líder do PSOE, no El País. "Temos de reformar a Constituição para adaptá-la a exigências internas [a revisão dos estatutos autonómicos] e externas [adaptá-la à Constituição europeia], mas fazer este exercício esquecendo o criado pode levar ao disparate", concluía González.