Ruanda: rebeldes hutus renunciam à luta armada

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O presidente das FDLR prometeu empenhar-se em transformar a luta armada em combate político Ricky Gare/EPA

Depois de vários dias de discussões com representantes da República Democrática do Congo (RDC), sob a égide da comunidade católica de Santo Egídio, Ignace Murwanashyaka, presidente das FDLR, condenou "o genocídio cometido no Ruanda e os seus autores", numa tragédia que causou, em 1994, pelo menos 800 mil mortos, a maioria tutsis e hutus moderados.

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Depois de vários dias de discussões com representantes da República Democrática do Congo (RDC), sob a égide da comunidade católica de Santo Egídio, Ignace Murwanashyaka, presidente das FDLR, condenou "o genocídio cometido no Ruanda e os seus autores", numa tragédia que causou, em 1994, pelo menos 800 mil mortos, a maioria tutsis e hutus moderados.

Murwanashyaka prometeu empenhar-se em transformar a luta armada num combate político. "No futuro, e à medida que as medidas de acompanhamento forem identificadas e postas em prática, as FDLR aceitarão o desarmamento voluntário e o regresso pacífico das forças ao Ruanda", diz a declaração.

"Para já, eles [rebeldes] anunciam que se abstêm de todas as operações ofensivas contra o Ruanda".

A presença dos rebeldes das FDLR na região este da RDC envenena as relações entre Kinshasa e o Ruanda há 11 anos. O Ruanda acusa os rebeldes de estarem implicados no genocídio ruandês de 1994 e de continuarem a ameaçar a estabilidade do país. Por seu lado, Kinshasa acusou várias vezes Kigali de utilizar o pretexto das FDLR para invadir a zona este da RDC.

"As FDLR condenam o terrorismo e outros crimes contra o direito internacional cometido na região dos grandes lagos", refere a mesma declaração.

Os rebeldes ruandeses afirmam ainda que "apoiam o regresso voluntário dos refugiados ruandeses ao seu país".

O processo de desarmamento e repatriamento voluntário visa os combatentes estrangeiros na RDC. Este programa já permitiu o repatriamento de cerca de dez mil combatentes (sem contar com as suas famílias).

Segundo fontes congolesas, permanecerão ainda 15 mil rebeldes na região, na sua maioria ruandeses, mas também muitos ugandeses e burundeses.