Orçamento do Estado: PS anuncia que irá votar contra a proposta do Governo

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A proposta do Orçamento do Estado começa hoje a ser debatida na Assembleia da República André Kosters/Lusa

A decisão do órgão de direcção dos socialistas foi anunciada pelo porta-voz do partido, Pedro Silva Pereira, após uma reunião que durou cerca de duas horas.

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A decisão do órgão de direcção dos socialistas foi anunciada pelo porta-voz do partido, Pedro Silva Pereira, após uma reunião que durou cerca de duas horas.

"A proposta de Orçamento do Estado para 2005 é má para as famílias, sobretudo para as de classe média, é má para o Estado e para a consolidação das finanças públicas", explicou Pedro Silva Pereira.

Pedro Silva Pereira referiu ainda que a Comissão Política Nacional do PS debateu a questão do referendo sobre matéria do tratado constitucional da União Europeia.

No final da reunião, o líder parlamentar do PS, António José Seguro, afirmou-se convicto de que será possível aprovar na sessão de amanhã, no Parlamento, uma pergunta para colocar aos portugueses no referendo, acordada entre o PS e o PSD.

"Trataremos de garantir que quinta-feira haja condições para que a pergunta seja aprovada", declarou António José Seguro.

Por sua vez, Pedro Silva Pereira afastou a necessidade de uma revisão extraordinária da Constituição da República para que se faça um referendo sobre matéria do tratado constitucional da União Europeia.

"Dentro do actual quadro constitucional, é possível formular uma pergunta e é nisso que estamos a trabalhar", salientou o porta-voz dos socialistas.

Oposição vota contra

O OE para 2005 vai ter os votos contra de toda a oposição, que classifica a proposta de "opaca" e "irrealista".

O documento, que será votado amanhã na generalidade, tem, no entanto, a aprovação garantida pelos votos da maioria PSD/CDS-PP que considera o diploma "um excelente orçamento" e "perfeitamente exequível".

A defesa do Orçamento para o próximo ano deverá ficar a cargo - além da intervenção inicial do primeiro-ministro, Santana Lopes - dos ministros das Finanças, Bagão Félix, das Actividades Económicas, Álvaro Barreto, e das Obras Públicas, António Mexia.

Para 2005, o Governo avança com uma redução das taxas de IRS, nalguns escalões, que pode atingir os 1,5 pontos percentuais, medida que será compensada, em termos de receitas fiscais, pela eliminação dos benefícios fiscais dos Planos Poupança Reforma/Educação, Plano Poupança Acções e Contas Poupança Habitação.

No entanto, o ministro das Finanças já avisou que só metade da redução da retenção na fonte será aplicada em 2005, ficando a restante para o ano seguinte, de eleições legislativas, o que motivou acusações da oposição de "Orçamento eleitoralista".

A proposta prevê também actualizações dos escalões de IRS, em linha com a inflação prevista (dois por cento), aumentos salariais (no mínimo 2,2 por cento) e das pensões, mantendo o défice orçamental abaixo dos três por cento do Produto Interno Bruto impostos por Bruxelas.

Medidas irrealistas, diz a oposição

Em relação à proposta de Orçamento de Estado, PS, PCP e Bloco de Esquerda coincidem em concluir que o documento do Governo apresenta "metas irrealistas", ao prever para 2005 uma subida ambiciosa de algumas receitas fiscais e um crescimento económico na casa dos 2,4 por cento, estimado com base num preço médio do barril de petróleo de 38,7 dólares (29,7 euros) (quando actualmente se encontra acima dos 40 dólares).

O PS é o único partido que critica a proposta do Governo por consagrar o fim de alguns benefícios fiscais, como os planos de poupanças reforma e habitação, acusando o Executivo de "prejudicar as poupanças da classe média".

Pela parte do PCP, o secretário-geral cessante, Carlos Carvalhas, deverá centrar as suas críticas no facto de a proposta de OE do Governo "não responder à necessidade de um forte crescimento económico do país" e de "agravar as desigualdades sociais e as assimetrias regionais".

Já o Bloco de Esquerda utilizará como argumentos principais para reprovar a proposta de Orçamento de Estado a possibilidade de se assistir, no próximo ano, a um novo aumento do desemprego e "a incapacidade de o Governo de cumprir a sua promessa de fazer convergir as pensões mínimas com o salário mínimo nacional até ao final da presente legislatura".

Por seu lado, a maioria PSD/CDS-PP defendeu o documento a apresentar pelo Governo."A credibilidade do Orçamento tem sobretudo a ver com a certeza da sua exequibilidade", assegurou o deputado do PSD Hugo Velosa.

O social-democrata revelou que maioria e Governo "estão abertos a alterações", mas que deverão ser apenas de pormenor, sem afectar as previsões iniciais do lado da receita e da despesa.Pelo CDS-PP, o vice-presidente da bancada Álvaro Castello- Branco classificou o OE para 2005 como "um excelente documento".

"Não perdemos de vista o trabalho de rigor e consolidação orçamental, mas conseguimos alguma folga para fazer deste um orçamento socialmente mais justo", congratulou-se o dirigente democrata-cristão.