Ferro Rodrigues despede-se da liderança satisfeito por não haver "ferrismo"
"Ao longo deste período não divulguei o meu sentido de voto e não seria hoje, no último dia, que iria fazê-lo", declarou Ferro Rodrigues aos jornalistas, enquanto esperava para votar na Federação da Área Urbana de Lisboa do PS, com poucas dezenas de pessoas à sua frente.
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"Ao longo deste período não divulguei o meu sentido de voto e não seria hoje, no último dia, que iria fazê-lo", declarou Ferro Rodrigues aos jornalistas, enquanto esperava para votar na Federação da Área Urbana de Lisboa do PS, com poucas dezenas de pessoas à sua frente.
"Disse no último congresso para espanto de muita gente que não havia 'ferrismo' nem queria que alguma vez existisse. E, felizmente, hoje posso dizer com tranquilidade que não há 'ferristas' no PS", acrescentou.
Ferro Rodrigues adiantou que se despede da liderança do partido com "nostalgia", mas "de consciência tranquila" com o seu mandato e com a decisão de se demitir. "É evidente que há alguma nostalgia, mas sem dúvida que, para mim, o dia mais difícil foi o dia 9 de Julho e a cada dia que passa acho que a minha atitude foi aquela que salvaguardou os interesses do PS e da democracia portuguesa", afirmou.
"Saio com a consciência tranquila de quem tomou uma atitude pensada, reflectida e amadurecida politicamente", completou, referindo-se à sua demissão na sequência da não convocação de eleições antecipadas pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, que optou por convidar o PSD a formar um novo Governo de coligação com o CDS-PP.
Em relação à campanha eleitoral para a sua sucessão, Ferro Rodrigues considerou-a "elevada", acrescentado que "os excessos foram normais e ligeiros".
Embora admitindo que o PS talvez tenha ainda que "melhorar os seus métodos de democratização", Ferro Rodrigues elogiou a democracia interna no PS apontando-a como exemplo para os outros partidos. "Espero que no pós-congresso o partido compreenda que para ganhar a confiança do país é preciso estar fundamentalmente unido", alertou ainda Ferro Rodrigues, quando questionado sobre os grupos divergentes que surgiram na campanha interna.
Lembrando que José Sócrates integrava o seu Secretariado Nacional, o líder cessante desvalorizou as diferenças entre os dois e assegurou, por outro lado, que não deixará a luta política, mantendo-se como deputado do PS.