FBI investiga suspeito espião israelita no Pentágono
Para fazer chegar a Israel as informações secretas, Larry Franklin (o nome do alegado espião não foi divulgado mas duas fontes identificaram-no ontem ao jornal "The Washington Post") terá contado com a ajuda de um poderoso grupo de pressão em Washington - o Comité de Relações Públicas Americano-Israelita (AIPAC).
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Para fazer chegar a Israel as informações secretas, Larry Franklin (o nome do alegado espião não foi divulgado mas duas fontes identificaram-no ontem ao jornal "The Washington Post") terá contado com a ajuda de um poderoso grupo de pressão em Washington - o Comité de Relações Públicas Americano-Israelita (AIPAC).
A embaixada israelita na capital americana descreve a acusação como "falsa e escandalosa", enquanto a AIPAC garante que as suspeitas "não têm fundamento".
Um antigo membro da AIPAC explicou à Reuters que a organização tem por política contratar pessoas ligadas ao Pentágono que possam informar Israel sobre os planos americanos de segurança. "Como é que se marca a fronteira entre as informações prestadas pelo membro de um esforço de 'lobbying' e a espionagem?", pergunta.
Certo é que o FBI está mesmo a investigar alguém. A confirmar-se que o suspeito é Franklin, trata-se de um responsável no gabinete para o Médio Oriente e a Ásia do Sul, um dos dois gabinetes do Pentágono que os críticos da Administração de George W. Bush responsabilizam por terem ignorado relatórios da CIA e de outras agências, dando ao Presidente outras informações usadas para exagerar a ameaça colocada por Saddam Hussein e justificar a invasão do Iraque.
Já o "New York Times" noticia que o analista suspeito trabalhou para Douglas J. Feith, sub-secretário da Defesa para a política, que gere o segundo gabinete apontado pelos críticos - o Grupo de Avaliação de Política de Contra-terrorismo. Feith é o "número três" da Defesa, reportando directamente a Paul Wolfowitz, que, por sua vez, responde ao chefe do Pentágono, Donald Rumsfeld.
Um responsável da Administração citado pelo "W. P." diz que Franklin enviou para Israel o rascunho de uma directiva presidencial relacionada com as políticas americanas sobre o Irão.
O nome de Franklin já uma vez passara brevemente pelos jornais - o ano passado, quando foi noticiado que ele e outro especialista do Pentágono no Golfo Pérsico, Harold Rhode, se encontraram em segredo com Manucher Ghorbanifar, um traficante de armas iraniano. De acordo com responsáveis do Pentágono, essa reunião teve lugar no final de 2001 e foi formalmente autorizada pelo Governo, em resposta a uma oferta de Teerão para disponibilizar informações relevantes sobre a guerra ao terrorismo. Oficialmente, as informações resultantes do encontro não conduziram a nada.
O FBI tem mantido Rumsfeld informado, e já notificou a AIPAC, pedindo-lhe informações sobre dois dos seus membros. Outro responsável da Casa Branca disse ao jornal que ainda não foi estabelecido se o assunto será considerado um verdadeiro caso de espionagem ou classificado a um nível inferior, como divulgação inapropriada de documentos ou má gestão de documentos confidenciais.
Israel garante ter tomado há 20 anos a "decisão firme" de não voltar a espiar o seu principal aliado. O último caso conhecido é o do perito da marinha americana, Jonathan Pollard, detido desde 1985 nos EUA.