Administração Bush refere papel do Homem no sobre-aquecimento do planeta
Num relatório enviado ao Congresso esta semana, a Administração salientou que um estudo recentemente financiado pelo Governo defende a posição de muitos cientistas, segundo os quais a acção humana – desde o tráfego automóvel à produção energética – ajudou a causar o sobre-aquecimento global.
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Num relatório enviado ao Congresso esta semana, a Administração salientou que um estudo recentemente financiado pelo Governo defende a posição de muitos cientistas, segundo os quais a acção humana – desde o tráfego automóvel à produção energética – ajudou a causar o sobre-aquecimento global.
“As alterações na temperatura da América do Norte de 1950 a 1999 não terão sido só causadas por variações climáticas naturais”, diz o relatório. Já as elevadas temperaturas registadas de 1900 a 1949 foram provavelmente devidas, inteiramente, a causas naturais, acrescenta o estudo.
Esta breve passagem no relatório foi considerada surpreendente porque o Presidente norte-americano George W. Bush e outros responsáveis políticos da Administração têm vindo a insistir na ausência de provas científicas claras da ligação das actividades humanas com o sobre-aquecimento do planeta.
Questionado numa entrevista ao “New York Times”, sobre a mudança de posição da sua Administração, Bush respondeu: “Ah sim? Não creio”.
Trent Duffy, porta-voz da Casa Branca, disse que o estudo não altera a posição da Administração e que é preciso mais investigação. “A política do Presidente continua a ser a mesma... precisamos de completar os conhecimentos e as lacunas científicas”.
George W. Bush abandonou o Protocolo de Quioto em 2001, alegando elevados prejuízos financeiros para os Estados Unidos. Em vez disso, a Casa Branca promoveu um programa voluntário para as indústrias petrolíferas e energéticas norte-americans reduzirem as suas emissões de gases com efeito de estufa.
O estudo das alterações de temperatura de 1950 a 1999 foi incluído numa lista de projectos de investigação sobre o clima, financiados por várias agências governamentais.
Um grupo ecologista norte-americano considera que este relatório vem pressionar Bush a referir-se às alterações climáticas quando apresentar os seus planos para o segundo mandato na convenção republicana da próxima semana em Nova Iorque. “Vai ser interessante saber se ele vai querer fazer algo sobre o clima ou se prefere continuar a ignorar o problema por razões políticas”, disse Philip Clapp, presidente do National Environmental Trust.