ONU: medidas adoptadas contra Al-Qaeda foram ineficazes

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O relatório sustenta que a rede terrorista se tornou perita na utilização dos meios de comunicação EPA

Os autores deste novo estudo, divulgado ontem, questionam a maioria das medidas aprovadas no âmbito da guerra contra o terrorismo, nomeadamente os esforços para privar a Al-Qaeda de recursos financeiros, lembrando que a maioria dos atentados reivindicados pela organização, como os 11 de Setembro, foram levados a cabo com muito pouco dinheiro.

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Os autores deste novo estudo, divulgado ontem, questionam a maioria das medidas aprovadas no âmbito da guerra contra o terrorismo, nomeadamente os esforços para privar a Al-Qaeda de recursos financeiros, lembrando que a maioria dos atentados reivindicados pela organização, como os 11 de Setembro, foram levados a cabo com muito pouco dinheiro.

Em contrapartida, conclui o relatório, a rede terrorista e os seus grupos associados tornaram-se peritos na utilização dos meios de comunicação para reforçar a sua base de apoio popular, capitalizando a cólera que a invasão do Iraque suscitou no mundo árabe. O documento sublinha ainda que há indícios de que a Al-Qaeda continua a tentar dotar-se de armas químicas e biológicas, com elevado potencial de destruição.

Da mesma forma, os peritos sustentam que "as perspectivas de se assistir a um fim rápido do terrorismo ligado à Al-Qaeda são nulos". "Ao utilizarem meios mínimos e ao explorarem a publicidade que lhes é dada mundialmente, eles conseguiram criar a imagem de um perigo mundial", lê-se no documento.

"A ameaça terrorista ligada à Al-Qaeda continua elevada, mas a natureza dessa ameaça mudou", lê-se no relatório enviado ao Conselho de Segurança da ONU, autor de grande parte das medidas agora criticadas.

Medidas não foram além da burocracia

O relatório, elaborado por peritos independentes, sustenta que a maioria dos países pouco fez para enfrentar a ameaça terrorista, limitando-se a adoptar medidas burocráticas, sem efeitos práticos.

Contudo, a principal responsabilidade pela falta de resultados é atribuída à incapacidade de a comunidade internacional levar a cabo acções concertadas. A título de exemplo, lembram que em Outubro de 1999, ou seja dois anos antes dos atentados de 11 de Setembro, o Conselho de Segurança defendeu uma luta coordenada a nível mundial contra o tráfico de armas e as deslocações de pessoas suspeitas de acções terroristas.

Da mesma forma, após os atentados contra Nova Iorque e Washington, o órgão executivo da ONU aprovou uma resolução instando os países a congelar os bens suspeitos de pertencerem à Al-Qaeda, a vigiar todas as movimentações suspeitas ou impedir a venda de armas a grupos susceptíveis de colaborar com a Al-Qaeda.

Contudo, sublinham, até agora nenhum Estado reforçou a fiscalização da venda de armas ou impediu deslocações de pessoas colocadas na lista negra da ONU. "Esta lista começou, aliás, a perder a sua credibilidade", sustentam.

Até ao momento, apenas 19 países noticiaram a presença de grupos suspeitos de ligações à Al-Qaeda no seu território e apenas 34 congelaram recursos financeiros associados a grupos terroristas. Contudo, mesmo os países que o fizeram limitaram-se a apreender somas irrisórias, como é o caso de Portugal que arrestou 325 euros suspeitos, lê-se no relatório.