Morreu o estilista José Carlos
O estilista sofreu um enfarte na manhã de ontem, ao qual não resistiu, vindo a falecer esta tarde no Hospital de Santa Marta, em Lisboa.
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O estilista sofreu um enfarte na manhã de ontem, ao qual não resistiu, vindo a falecer esta tarde no Hospital de Santa Marta, em Lisboa.
Nascido em Luanda, a 7 de Setembro de 1950, José Carlos iniciou a sua carreira ainda em Angola e associou inicialmente o seu nome aos penteados, antes de concretizar um sonho: iniciar uma carreira como costureiro.
Os primeiros passos no mundo da moda foram dados no "atelier" da mãe do estilista Paulo Matos, mas cedo José Carlos criou o seu próprio gabinete em Lisboa, realizando a primeira apresentação do seu trabalho em alta costura no Hotel Ritz, em 1978. A par dos modelos, apresentou também uma linha de penteados, cortes de cabelo e de maquilhagem para essa estação, às quais juntou uma linha de peles e de sapatos.
A partir de 1980, José Carlos começou a ser convidado para criar a imagem de individualidades ligadas à política e às artes, colaborando com o Festival da Canção, o concurso Miss Portugal e outros programas de televisão.
José Carlos foi responsável, entre outros, pelo visual de Catarina Furtado no concurso televisivo "Chuva de Estrelas", bem como de Herman José e das suas assistentes no programa "Parabéns".
O sucesso nesta área levou José Carlos a diversificar e ampliar o seu nome, criando em 1992 o Gabinete José Carlos, vocacionado para a idealização, direcção e produção de espectáculos e agenciamento de pessoas e marcas.
Foi ainda consultor de agências e escolas de manequins, já depois de ter sido director técnico e consultor da sua própria escola de manequins, a "Showtime", durante três anos.
Após esta experiência, decidiu lançar no mercado uma tendência de moda para cada ano. Sobre cada tema de inspiração fazia posteriormente uma adaptação para cada estação do ano, participando com alguma regularidade nos eventos Moda Lisboa e Portugal Fashion.
A carreira de José Carlos sofreu um período mais atribulado no início da década, quando o seu "atelier" foi destruído por um incêndio. Apesar de ter continuado a trabalhar em criações de moda e de penteados, nos últimos anos o seu nome estava mais afastado das luzes da ribalta da moda portuguesa.
"O tempo ensinou-me a olhar para uma mulher do ponto vista estético. No princípio, e sobretudo nos modelos que apresentava em 'passerelle', as minhas linhas eram exageradas. Percebi depois que a beleza não estava aí. E encontrei uma imagem que tem mais a ver comigo e que é também mais coerente. No fundo, gosto de ver uma mulher vestida de maneira feminina, com classe, mas sem estar demasiado sofisticada", disse o estilista à revista "Tomorrow", em Abril de 1991.