Milícias xiitas ainda controlam mausoléu em Najaf

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Desde Abril que há homens de Sadr no interior da mesquita Mohamed Messara/EPA

De acordo com um balanço feito ao final da manhã pelo Ministério da Saúde, nas 24 horas anteriores tinham morrido na cidade-santuário 21 iraquianos. No subúrbio xiita de Sadr City, em Bagdad, três pessoas foram mortas. Em Kufa, dez quilómetros a leste de Najaf, onde antes da revolta que promoveu em Abril Sadr estava sedeado, violentos combates entre milicianos e forças americanas fizeram pelo menos um morto e 12 feridos. Um dos muros da mesquita e mausoléu Maitham al-Tammar, que segundo os milicianos os americanos tentaram tomar de assalto, foi danificado nos confrontos.

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De acordo com um balanço feito ao final da manhã pelo Ministério da Saúde, nas 24 horas anteriores tinham morrido na cidade-santuário 21 iraquianos. No subúrbio xiita de Sadr City, em Bagdad, três pessoas foram mortas. Em Kufa, dez quilómetros a leste de Najaf, onde antes da revolta que promoveu em Abril Sadr estava sedeado, violentos combates entre milicianos e forças americanas fizeram pelo menos um morto e 12 feridos. Um dos muros da mesquita e mausoléu Maitham al-Tammar, que segundo os milicianos os americanos tentaram tomar de assalto, foi danificado nos confrontos.

O mapa da violência continua a traçar-se um pouco por todo o território. Em Hilla, a sul de Bagdad, um soldado polaco foi morto e seis ficaram feridos na explosão de uma viatura armadilhada. Na sequência do aumento brutal dos ataques contra as forças polacas (que, na prática, comandam uma divisão internacional nas províncias imediatamente abaixo de Bagdad, apesar de terem recentemente passado o comando aos americanos), o ministro da Defesa de Varsóvia, Jerzy Szmajdzinski, anunciou que conta "em breve" deslocar-se ao Iraque "para estudar pessoalmente a situação". Até agora morreram 14 soldados polacos no país.

Na capital, um veículo militar americano foi atingido por uma granada, num ataque que matou um soldado e feriu outros dois. A explosão de uma bomba numa estrada junto a Samarra, a norte de Bagdad, matou dois soldados. Em Ramadi, um dos bastiões da resistência sunita, foi morto o chefe da unidade de investigação criminal da polícia.

A chave e a cidade santa

Quanto ao braço-de-ferro que opõe Sadr aos americanos e ao governo interino do primeiro-ministro Iyad Allawi, e que fez já centenas de mortos desde dia 5, não há fim há vista.


Sexta-feira foi o culminar de dias de declarações hesitantes e afirmações contraditórias ou desmentidas sobre o evoluir da situação. Da parte de Sadr e dos seus colaboradores, mas principalmente por parte do governo interino. A rapidez com que se fez saber que a polícia já controlava o mausoléu e que pelo menos 400 milicianos tinham sido interpelados, situação que nunca chegou a verificar-se, só pode corresponder a um forte desejo de pôr fim ao cerco sem um banho de sangue - única forma de transformar a crise numa vitória política para Allawi.

E de repente, ao início da noite de sexta-feira, horas depois de terem chegado os desmentidos sobre a entrada da polícia na mesquita (do Pentágono, dos soldados no terreno, da própria polícia), toda a questão parecia resumir-se a saber quem tinha em mãos uma chave. A chave dos portões do complexo que guarda os restos do quarto califa e primeiro dos mártires para os xiitas, que os homens de Sadr disseram ter ordens para entregar às autoridades religiosas, ou seja, aos assistentes do grande ayatollah Ali Sistani, em Londres a ser tratado ao coração.

Ontem tudo continuava igual, apesar de combates mais esporádicos e da população ter conseguido, pela primeira vez em dias, movimentar-se durante algumas horas no interior da cidade velha. Sadr continua sem ser visto e alguns dos seus assistentes admitem sob anonimato que já não está junto aos combatentes no interior da mesquita. Os jovens que ali permanecem (alguns apenas adolescentes) é que não estão dispostos a retirar. Poderão fazê-lo se Sadr assim o ordenar mas não é certo que isso venha a acontecer.

Confirmando que as negociações com vista à entrega das chaves do mausoléu Imã Ali decorriam junto dos enviados de Sistani, o xeque Ahmad al-Sheibani explicava ontem aos jornalistas que não possível ao Mahdi simplesmente desaparecer. "O Exécito Mahdi vai continuar a guardar a mesquita e Najaf. Najaf toda porque Najaf é uma cidade santa."

Ao fim do dia não só a chave continuava nas mãos do Mahdi como os mais de mil combatentes que acorreram à batalha declarada por Sadr permaneciam no interior do complexo. E ao cair da noite, como tem acontecido diariamente, voltaram a verificar-se combates. Os sons de lança-granadas e metralhadoras encheram o ar e os Apaches americanos regressaram aos céus da cidade, sobrevoando e atacando posições dos milicianos no Vale da Paz, o gigantesco e milenar cemitério xiita adjacente à mesquita.

A clínica e o centro de imprensa

Enquanto isso continuavam a ser discutidas as modalidades da eventual entrega do controlo do complexo aos adjuntos de Sistani. Antes que possa ser considerada essa possibilidade, advertiram ontem, a delegação da mais importante figura religiosa da hierarquia xiita deve ser autorizada a fazer um inventário dos bens do mausoléu para verificar se nada foi danificado. Depois o complexo deve ser completamente esvaziado, tarefa que não se avizinha fácil.


Desde Abril que há homens de Sadr no interior da mesquita. E em pouco mais de duas semanas de controlo total, o mausoléu santo foi transformado num autêntico quartel-general. Combatentes, escudos-humanos, homens da religião, todos ali se instalaram. No centro, uma clínica, em redor caixas de medicamentos (a maior parte oferecidas por uma organização de beneficência iraniana); médicos vindos de outras cidades para ajudar. Ao lado, o serviço de imprensa e um local de abluções onde os combatentes de lavam. No mínimo três dias para desmontar, afiançam alguns.