EUA: Clark e Holbrooke acreditam que novo plano militar vai afectar segurança
"Como podemos retirar as tropas da Coreia do Sul quando estamos envolvidos nas delicadas negociações com a Coreia do Norte", questionou Holbrooke, cujo nome tem sido apontado para liderar o Departamento de Estado no caso de uma vitória do candidato democrata John Kerry nas presidenciais norte-americanas de 2 de Novembro. Holbrooke vê neste vasto repatriamento militar "mais uma prova do unilateralismo desta Administração", que vai custar "milhares de milhões de dólares".
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"Como podemos retirar as tropas da Coreia do Sul quando estamos envolvidos nas delicadas negociações com a Coreia do Norte", questionou Holbrooke, cujo nome tem sido apontado para liderar o Departamento de Estado no caso de uma vitória do candidato democrata John Kerry nas presidenciais norte-americanas de 2 de Novembro. Holbrooke vê neste vasto repatriamento militar "mais uma prova do unilateralismo desta Administração", que vai custar "milhares de milhões de dólares".
A reestruturação do Exército dos EUA proposta por Bush apresenta a retirada daqueles dois continentes como uma adaptação necessária à ameaça terrorista. No entanto, os peritos estão preocupados com a eficácia desta nova organização e com o impacte nas relações com os países aliados.
Anunciado a menos de 80 dias das presidenciais, o plano - visto como a mais importante reorganização militar desde o fim da guerra das Coreias (1950-53) - foi analisado como sendo uma decisão puramente política.
"Este novo plano vai ajudar-nos a combater as guerras do século XXI, reforçará as nossas alianças no mundo enquanto criamos novas parcerias para melhor proteger a paz", afirmou ontem Bush.
A imprensa americana não foi unânime na reacção ao plano anunciado pelo Presidente e candidato republicano a um segundo mandato.
O editorial de hoje do "The New York Times" sustenta que o plano "não tem grande sentido estratégico" e vai afectar "alianças primordiais", nomeadamente com a Europa. O "Washington Post" diz, por seu lado, que a retirada "não vai reforçar a confiança na liderança mundial dos EUA". Ao contrário, o "Wall Street Journal" aplaudiu a decisão, considerando que vai "alargar o círculo de aliados".
De qualquer forma, o novo plano dos EUA poderá influenciar os países europeus a acelerarem a cooperação no domínio militar. A decisão "deverá levar Londres, Paris e Berlim a reflectir sobre o papel da União Europeia na política de segurança mundial", avaliaram o antigo comandante da NATO Joseph Ralston e o antigo chefe do Estado-maior alemão Klaus Naumann, num artigo publicado hoje no "Financial Times".
A Alemanha deverá ser o país mais afectado, estando prevista a retirada de 30 mil soldados.
Washington considera que não faz sentido manter militares em zonas que deixaram de representar perigo com o fim da Guerra Fria — os soldados abrangidos por este reposicionamento estão actualmente estacionados em bases criadas durante a Guerra Fria, na Europa e na Ásia. "Durante décadas, as forças americanas no estrangeiro permaneceram nos locais onde terminaram as grandes guerras do século passado, na Europa e na Ásia. A estrutura das forças americanas foi concebida para nos proteger, bem como aos nossos aliados de uma agressão soviética, mas essa ameaça já não existe", justificou Bush.
O Presidente dos EUA garantiu ainda que esta não é uma iniciativa unilateral dos EUA, já que foi tomada após consultas com os países aliados, devendo ainda ser submetida ao Congresso.
Bush quer que as Forças Armadas dos EUA tenham uma estrutura "mais ágil", com maior número de soldados estacionados no país, com capacidade para serem destacados, num breve espaço de tempo, para qualquer parte do mundo.
O realinhamento das tropas norte-americanas no estrangeiro era uma medida há muito em discussão no Pentágono, mas tornou-se urgente devido ao esforço militar desenvolvido no Iraque.