Allawi condiciona negociações a desarmamento da milícia xiita

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Os confrontos regressaram hoje à cidade sagrada Khalid Mohammed/AP

"O Governo responde favoravelmente ao pedido da Conferência Nacional no que diz respeito a uma solução pacífica em Najaf", lê-se num comunicado emitido pelo primeiro-ministro iraquiano. "Mas para atingirmos esse objectivo, a milícia deve ser desarmada sem condições prévias, abandonar Najaf e o mausoléu do imã Ali e empenhar-se no processo político", acrescenta o chefe do executivo.

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"O Governo responde favoravelmente ao pedido da Conferência Nacional no que diz respeito a uma solução pacífica em Najaf", lê-se num comunicado emitido pelo primeiro-ministro iraquiano. "Mas para atingirmos esse objectivo, a milícia deve ser desarmada sem condições prévias, abandonar Najaf e o mausoléu do imã Ali e empenhar-se no processo político", acrescenta o chefe do executivo.

A declaração de Allawi surge horas depois dos delegados à conferência nacional — que iniciou esta manhã os seus trabalhos em Bagdad — terem apelado aos fins dos combates em Najaf, cidade sagrada para os xiitas, e ao reinício das conversações entre o Governo e o movimento de Sadr, depois do falhanço das negociações de ontem. Alguns delegados abandonaram mesmo a sala onde decorrem os trabalhos depois da intervenção inaugural do representante do secretário-geral da ONU, afirmando que "enquanto existirem ataques e bombardeamentos, não haverá conferência".

Ao todo 1300 delegados vindos de todos os pontos do Iraque participam na reunião inaugural da conferência, destinada a lançar o processo político que deverá culminar com a realização das primeiras eleições livres no Iraque, no início do próximo ano.

Contudo, enquanto o Governo estipula as condições em que aceita dialogar, as forças iraquianas garantem estar prontas para lançar uma "ofensiva em grande escala" contra os milicianos, ainda em poder dos principais locais sagrados da cidade de Najaf. "Uma ofensiva em grande escala vai ser lançada rapidamente para pôr fim aos combates em Najaf", afirmou Sabah Kazem, porta-voz do ministro do Interior iraquiano considerando "pouco razoáveis" as condições impostas pelo movimento de Sadr, que exige a saída das forças de seguraça iraquianas e dos militares norte-americanos da cidade.

Ainda esta manhã, Sadr voltou a apelar ao regresso às negociações, mas reafirmou que não desistirá da luta armada contra a ocupação americana sem garantias de que os locais santos ficarão em poder da hierarquia xiita.

No terreno, e depois da acalmia que vigorou ontem em Najaf, as escaramuças voltaram hoje à cidade, com trocas de tiros entre as duas partes. Ao início da tarde, os jornalistas iraquianos e estrangeiros que ainda permaneciam em Najaf foram obrigados a abandonar a cidade, depois de terem sido ameaçados de prisão pela polícia iraquiana.

Segundo o correspondente da AFP no local, também os manifestantes que há dois dias permaneciam nas ruas, a fim de evitar uma operação militar, receberam ordens para sair da cidade.