Geórgia exige retirada das tropas russas da Ossétia do Sul

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O Presidente georgiano prometeu submeter a república à autoridade de Tbilissi Vassili Korneyev/EPA

Por seu lado, o Presidente Mikhail Saakachvili anunciou ter conversado ao telefone com o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, pedindo a intervenção da comunidade internacional para pôr fim às aspirações independentistas da região.

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Por seu lado, o Presidente Mikhail Saakachvili anunciou ter conversado ao telefone com o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, pedindo a intervenção da comunidade internacional para pôr fim às aspirações independentistas da região.

Estas iniciativas ocorrem após vários incidentes na região, como um alegado ataque contra a coluna de veículos em que seguia o primeiro-ministro Zourab Jvania ou o assassinato de quatro militares georgianos, na noite de quarta para quinta-feira.

"A Geórgia exige que seja interrompido o mandato das forças russas de manutenção de paz [na Ossétia do Sul] e que seja criado um novo mandato internacional", lê-se no texto da moção aprovada por unanimidade no Parlamento de Tbilissi.

"A Federação da Rússia não se apresenta como um mediador ou uma força de paz, mas como uma das partes em conflito, que tudo farão para manter o actual e perigoso 'status quo'", acrescenta o texto, sublinhando que a instabilidade na região tem crescido "com o apoio dos militares russos".

No mesmo sentido, a ministra dos Negócios Estrangeiros georgiana, Salome Zourabichvili, pediu uma "internacionalização" das forças de paz na república, apelando à Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) que reforce a sua presença na zona.

A presença de tropas russas na Ossétia do Sul, na região do Caucaso, foi instituída em 1992, na sequência de um acordo entre o então Presidente Eduard Chevardnadze e o seu homólogo russo, Boris Ieltsin. O entendimento pôs fim a um sangrento conflito na república — que opôs rebeldes separatistas, apoiados por Moscovo, às forças georgianas — e abriu caminho a uma independência "de facto" da Ossétia do Sul. Desde então, esta frágil paz é assegurada por um contingente composto por militares russos, georgianos e ossétios.

Contudo, ao chegar ao poder, em Novembro do ano passado, Saakachvili prometeu submeter as repúblicas separatistas da Adjária e Ossétia do Sul à autoridade de Tbilissi — um objectivo já conseguido na primeira região, onde contou com o apoio maciço da população.

Assim sendo, Saakachvili exige a partida das tropas russas que, segundo afirma, estão na Ossétia apenas para alimentar os interesses separatistas da região. De facto, a república voltou recentemente a solicitar a integração na federação russa, a que pertence a Ossétia do Norte, embora Moscovo se tenha limitado a anunciar publicamente o seu respeito pela soberania georgiana.

Por seu lado, as autoridades Tskhinvali, a capital da república, acusam Tbilissi de "provocações" e "pressões económicas" sobre a população local e garantem que não vão abdicar da independência obtida há 14 anos, estando já a reforçar o seu contingente militar junto à fronteira.