Sindicato: 20 por cento dos enfermeiros de Lisboa têm emprego precário

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O sindicato visitou o Hospital Fernando da Fonseca, o Centro de Saúde de Mafra e o Centro Hospitalar de Torres Vedras Dulce Fernandes/PÚBLICO

Para alertar as populações para esta situação, que "põe em causa a qualidade dos cuidados de enfermagem", o sindicato deslocou-se hoje a três instituições da região: ao Hospital Fernando da Fonseca (também conhecido por Amadora-Sintra), ao Centro de Saúde de Mafra e ao Centro Hospitalar de Torres Vedras.

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Para alertar as populações para esta situação, que "põe em causa a qualidade dos cuidados de enfermagem", o sindicato deslocou-se hoje a três instituições da região: ao Hospital Fernando da Fonseca (também conhecido por Amadora-Sintra), ao Centro de Saúde de Mafra e ao Centro Hospitalar de Torres Vedras.

Entre as situações que o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) quis "denunciar às populações" estão, conforme explicou à Lusa o dirigente Rui Santos, a "não estabilização dos enfermeiros na função pública", que leva a que, no distrito de Lisboa, estejam com vínculo precário cerca de 1300 profissionais.

Segundo dados do SEP, em 45 centros de saúde do distrito existem 1885 lugares de quadro para os enfermeiros, estando ocupados 856. Nos mesmos centros de saúde, realizam-se 644 horas extra por semana.

O SEP critica também a "formação de auxiliares de acção médica para substituir" os profissionais de enfermagem, o que, igualmente de acordo com o sindicalista, está a decorrer no Hospital Fernando da Fonseca, e a "sub-contratação de enfermeiros para empresas de prestação de cuidados", que os colocam por curtos períodos de tempo em instituições públicas.

Segundo Rui Santos, são normalmente enfermeiros reformados que vendem o seu trabalho a estas empresas, e que são colocados "dois dias num hospital, e dois dias noutro, o que altera a filosofia dos cuidados de enfermagem, que se baseia no conhecimento do doente". Tal situação tem vindo a ocorrer, ainda de acordo com o sindicato, nos hospitais de Cascais, Santa Cruz e Egas Moniz.

As três instituições escolhidas pelo SEP para visitar hoje são, segundo Rui Santos, "símbolos" de algumas destas questões. No Hospital Fernando da Fonseca, "que é o primeiro a ter uma gestão do tipo privado, ainda há alguns casos a corrigir, nomeadamente a carga horária dos profissionais", pormenorizou o sindicalista.

Já no Centro de Saúde de Mafra e no Centro Hospitalar de Torres Vedras (CHTV), a visita do SEP pretendeu chamar a atenção para a carência de enfermeiros, tendo Rui Santos frisado que, no CHTV, "por falta de profissionais, fazem-se mais de cem turnos extra na urgência".

As visitas do SEP a instituições do Serviço Nacional de Saúde vão continuar durante esta semana, estando agendado para quarta-feira o Hospital de Vila Franca de Xira e os centros de saúde da Azambuja e Sacavém. Na sexta-feira, o SEP visita os hospitais Curry Cabral, CUF Descobertas (unidade privada) e a Maternidade Alfredo da Costa.