Demissão na PJ: Oposição exige mais esclarecimentos
O Governo aceitou a demissão do director Nacional da PJ, que, em comunicado, se queixou "de "violentos ataques" que no seu entender visam afectar a sua honorabilidade e a da instituição, e de "uma clara situação de isolamento perante a tutela política".
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O Governo aceitou a demissão do director Nacional da PJ, que, em comunicado, se queixou "de "violentos ataques" que no seu entender visam afectar a sua honorabilidade e a da instituição, e de "uma clara situação de isolamento perante a tutela política".
A demissão de Adelino Salvado surge dias depois de ter sido noticiado o alegado furto de gravações a um jornalista do "Correio da Manhã", contendo declarações de vários intervenientes judiciais, entre eles Adelino Salvado, no âmbito do processo de pedofilia da Casa Pia. As conversas terão sido transferidas para suporte digital e estarão a circular em meios jornalísticos e judiciais.
Numa primeira reacção à demissão de Adelino Salvado, há muito contestado pela oposição, PS, PCP e Bloco de Esquerda exigiram "o total esclarecimento" das razões que levaram à demissão de Adelino Salvado, exigindo também saber se houve violação do segredo de justiça por parte de Adelino Salvado e de outras fontes judiciárias, nas declarações feitas ao jornalista.
Em declarações à Lusa, o deputado socialista Jorge Lacão considerou que a demissão de Adelino Salvado "é um facto natural e até inevitável". O deputado lembrou que a gestão do juiz desembargador à frente da PJ foi marcada "pela controvérsia, por aspectos de falta de transparência e até por menor isenção devida no exercício do cargo".
O deputado socialista adiantou que o PS vai pedir uma audiência com carácter de urgência ao ministro da Justiça para "o necessário cabal esclarecimento de todo o processo".
Por seu lado, Carlos Gonçalves do comité central do PCP, considerou que a demissão de Salvado "é um facto positivo" e recordou que os comunistas têm "tido um conjunto de posições críticas à actuação do director nacional da PJ".
Ainda assim, o responsável considerou que as razões invocadas pelo magistrado para a sua demissão "não chegam para afastar suspeições instaladas de que tenha havido violação do segredo de Justiça". O dirigente comunista espera, por isso, que o Governo esclareça se "tinha ou não perdido a confiança política" em Adelino Salvado.
A mesma posição foi assumida por Miguel Portas, dirigente do Bloco de Esquerda, que pediu a comparência do ministro da Justiça na reunião da comissão permanente da Assembleia da República, prevista para 2 de Setembro.
Para o eurodeputado, as verdadeiras razões da demissão de Adelino Salvado "continuam envoltas em mistério", pelo que as investigações "têm que prosseguir". Miguel Portas sublinha ainda que o pedido de demissão de Adelino Salvado "nada esclarece" sobre uma eventual violação do segredo de justiça.