Antigo campeão da Volta a Portugal detido para interrogatório
Segundo extractos da acta judicial, recentemente publicados pelo jornal "L’Équipe", Millar, ainda campeão mundial do contra-relógio, revelou perante o juiz de instrução Richard Pallain que, em 2001, o italiano o aconselhou a dopar-se para se "preparar bem para a Volta à Espanha": "Ele via-me mal com a equipa e comigo mesmo. Entendi o que ele queria dizer. (…) Fiquei com Lelli na sua casa [em Itália] durante duas semanas, em Agosto, e comprámos EPO a vários fornecedores. Eu ficava no carro e dava-lhe 400 francos [60,98 euros] por cada seringa. Era ele quem comprava e foi ele quem me ensinou como administrar injecções subcutâneas no antebraço", contou o escocês.
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Segundo extractos da acta judicial, recentemente publicados pelo jornal "L’Équipe", Millar, ainda campeão mundial do contra-relógio, revelou perante o juiz de instrução Richard Pallain que, em 2001, o italiano o aconselhou a dopar-se para se "preparar bem para a Volta à Espanha": "Ele via-me mal com a equipa e comigo mesmo. Entendi o que ele queria dizer. (…) Fiquei com Lelli na sua casa [em Itália] durante duas semanas, em Agosto, e comprámos EPO a vários fornecedores. Eu ficava no carro e dava-lhe 400 francos [60,98 euros] por cada seringa. Era ele quem comprava e foi ele quem me ensinou como administrar injecções subcutâneas no antebraço", contou o escocês.
O porta-voz da Cofidis, Alexandre Michaud, desdramatizou a acção da polícia: “Não foi uma detenção com intenção de acusar Lelli, mas sim um pedido de explicações na sequência das acusações que lhe foram feitas”, disse.
O ex-vencedor da Volta a Portugal é a nona pessoa a ser interrogada por suspeita de “infracção à legislação sobre produtos estupefacientes e infracção à legislação sobre substâncias venenosas”. O primeiro interrogado foi Marek Rutkiewicz (ex-Cofidis, agora na RAGT Semences), detido no dia 13 de Janeiro, quando regressava da Polónia na posse de dopantes. Seguiram-se Bogdan (Bob) Madejak, massagista da Cofidis e alegado cérebro da rede, e Jean-Jacques Menuet, médico da equipa de Lille, entretanto libertado sem ter sido presente ao juiz Pallain.
Uma semana depois foram detidos os ciclistas Cédric Vasseur, entretanto readmitido na Cofidis, e Philippe Gaumont (medalha de bronze no contra-relógio por equipas dos Jogos Olímpicos de 1992), já demitido da equipa francesa e em cujo domicílio foi apreendida pela polícia uma quantidade significativa de dopantes (EPO, hormona de crescimento, anfetaminas, esteróides, etc.).
Desde aí, com algumas obstruções pelo caminho (ver link), os investigadores interrogaram também Médéric Clain, corredor suspenso pela Cofidis, Oleg Kozlitine, director desportivo de uma equipa de III Divisão, e David Millar. Tanto o escocês como Gaumont têm sido preponderantes no inquérito, ao darem detalhes de como funcionava a rede e ao indicarem mais alvos à polícia: Millar apontou o dedo a Lelli e a Jesús Losa, médico da Euskaltel que lhe terá ministrado EPO em 2003, enquanto Gaumont implicou o clínico Menuet e também o ex-campeão da Volta.