60 anos de Chico Buarque em exposição no Rio de Janeiro

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Fotos, documentos, faixas musicais, cenas de filmes, manuscritos de discursos de formatura na escola - tudo foi reunido para formar um mosaico de Chico Buarque DR

O aniversário foi ainda marcado no Brasil com edições especiais dos principais jornais e com o lançamento de dois livros biográficos do cantor, compositor e escritor. "Chico Buarque - O tempo e o artista" inaugurou a 27 de Julho e mais de três mil pessoas já passaram pela Biblioteca Nacional.

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O aniversário foi ainda marcado no Brasil com edições especiais dos principais jornais e com o lançamento de dois livros biográficos do cantor, compositor e escritor. "Chico Buarque - O tempo e o artista" inaugurou a 27 de Julho e mais de três mil pessoas já passaram pela Biblioteca Nacional.

"É gente que jamais havia entrado na Biblioteca Nacional e que prestigia a mostra atraída pelo mito Chico Buarque", diz o curador Zeca Buarque Ferreira, de 30 anos, sobrinho do artista. A grande maioria são mulheres, de todas as idades. O livro de visitas registou em apenas três dias não apenas um número elevado de público para os padrões da biblioteca, situada no coração do Rio, mas também uma colecção de declarações de amor ao sexagenário mais cobiçado do país.

"A mostra tem organização cronológica, dos músicos que ele ouviu e o influenciaram, aos livros que leu desde criança até aos seus trabalhos mais recentes", diz Zeca, que levou três meses para organizar o material, boa parte dele recolhido no baú de recordações do tio, e que inclui ainda imagens cedidas por canais de televisão ou provenientes do acervo de parceiros musicais como Tom Jobim e Vinicius de Moraes. "Tentei chegar a uma síntese centrada na obra, mas o personagem, às vezes, parece maior do que ela."

Fotos, documentos, faixas musicais, cenas de filmes, manuscritos de discursos de formatura na escola e rascunhos de peças teatrais - tudo foi reunido para formar um mosaico de Chico Buarque. No módulo de cada época aparece alguma BD feita por ele na adolescência e guardada pela irmã Ana de Holanda, e vídeos dos festivais de música que disputou, inclusive a vaia à "Sabiá" e a aclamação de "A banda".

Não falta nem a dedicatória da professora na escola que Chico, ainda criança, frequentou em Itália, em que previa para ele o destino de escritor, confirmado com "Estorvo", escrito quase nas vésperas de completar 50 anos. Não faltam também, claro, manifestações que retratam o papel político do artista. É o caso de um cartão enviado em 1979: "O Comando de Caça aos Comunistas deseja a você, ativista da canalha comunista que enxovalha nosso país, um péssimo Natal e que se realize em 1980 nosso confronto final."

A família está presente num texto inédito da irmã Miúcha e nos livros escritos pelo pai, o historiador Sérgio Buarque de Holanda. O futebol, uma das suas paixões, ganhou um módulo específico, com a exposição da camisola do Polytheama, equipa que criou e na qual joga até hoje, e dos seus ídolos na modalidade.

Essa mistura entre a intimidade e o profissionalismo de Chico foi submetida ao homenageado. "Ele nunca disse quero ou não quero", revela Zeca Buarque Ferreira, filho da cantora Cristina Buarque. A exposição tem ainda reproduções de cartazes e programas das peças que Chico escreveu em parceria com Paulo Pontes, como "Gota d'água", e de outras para as quais apenas fez a música, como "Morte e vida Severina", inspirada num poema de João Cabral de Mello Neto. Outro painel mostra as capas dos discos gravados por ele - dez terminais de computador permitem ao público ouvir músicas de Chico Buarque.

A exposição "Chico Buarque - O tempo e o artista" fica em cartaz até Outubro. Para este mês está prevista uma programação paralela de filmes e espectáculos. Às quartas-feiras serão exibidos "A ópera do malandro" e "Estorvo", de Ruy Guerra, "Os saltimbancos trapalhões", de J.B. Tanko, e "Benjamim", de Monique Gardenberg. Às quintas-feiras, os documentários de cinema e televisão: "MPB Especial", da TV Cultura, "Chico ou o país da delicadeza perdida", de Walter Salles Jr. e Nelson Motta, e "As cidades", de José Henrique Fonseca. As sextas-feiras estão reservadas para espectáculos que prometem preencher os recantos silenciosos da Biblioteca Nacional com alguns dos mais belos versos da música brasileira.