Comissão organizadora do congresso do PS garante "transparência" nas eleições

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Vieira da Silva remete para os órgãos jurisdicionais do partido a apreciação de qualquer irregularidade que surja no acto eleitoral de Setembro Manuel de Almeida/Lusa

João Soares, um dos três candidatos à liderança dos socialistas, a par de José Sócrates e Manuel Alegre, levantou suspeitas sobre o acto eleitoral, divulgadas na edição de hoje do jornal "A Capital".

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João Soares, um dos três candidatos à liderança dos socialistas, a par de José Sócrates e Manuel Alegre, levantou suspeitas sobre o acto eleitoral, divulgadas na edição de hoje do jornal "A Capital".

O ex-presidente da Câmara Municipal de Lisboa disse que pode estar em causa a transparência da eleição do líder do PS, que vai ocorrer a 24 e 25 de Setembro.

"Há cerca de um mês, Sérgio Sousa Pinto (responsável pela elaboração da moção de candidatura de José Sócrates) disse-me: tu vais ser roubado nos votos", afirmou João Soares, citado pelo diário "A Capital".

Em resposta a estas declarações, Vieira da Silva emitiu um comunicado em que garante que "a eleição do novo secretário-geral e dos novos órgãos da direcção do PS será apenas resultado da escolha livre dos militantes socialistas".

"Essa é a garantia que, em nome da comissão organizadora do congresso, pretendo deixar a todos os socialistas", refere Vieira da Silva, frisando que o PS tem em pleno funcionamento os órgãos jurisdicionais "que apreciarão devidamente qualquer dúvida que a esse respeito possa surgir".

O presidente do partido, Almeida Santos, também reagiu às declarações de João Soares, considerando que "não existe no PS a menor justificação histórica para o levantamento de suspeições deste género".

"Suspeições desta gravidade devem, tanto quanto possível, ser baseadas em factos", afirmou Almeida Santos à Lusa, sugerindo que se Sérgio Sousa Pinto fez as afirmações que lhe foram atribuídas por João Soares, "deve ser convidado a fundamentá-las".

Em declarações à Lusa, Sérgio Sousa Pinto afirmou que apenas disse a João Soares, "numa conversa privada", que o candidato a líder do PS "não tinha uma candidatura capaz sequer de garantir representantes em todas as mesas de voto".

"Nesta campanha interna estão envolvidos pelo menos dois candidatos de indiscutível seriedade. Os seus adversários José Sócrates e Manuel Alegre seriam incapazes de se envolver em manobras antiestatutárias. Há pelo menos dois candidatos de carácter", acrescentou o eurodeputado socialista, frisando que "o resultado que o dr. João Soares vier a ter não será em função de manobras antiestatutárias".

Por outro lado, Almeida Santos sublinhou ainda que "as secções de voto para a eleição do secretário-geral e dos delegados ao congresso "não são tantas que não possam ser fiscalizadas por quem entender que deve mandar fiscalizá-las".

"De qualquer modo, devem os militantes socialistas, candidatos ou não candidatos, que julguem ter razões de suspeição futura, pensar também na imagem e no prestígio do Partido Socialista que é de todos eles, não explicitando publicamente suspeições não explicitadas previamente no interior do partido junto dos órgãos competentes", apelou o presidente do PS.

O congresso do PS realiza-se de 1 a 3 de Outubro, decorrendo a eleição do novo secretário-geral, em substituição de Ferro Rodrigues, a 24 e 25 de Setembro.