Milhares vivem em barracas na Amadora apesar dos realojamentos
Um levantamento elaborado pela autarquia nos anos 90 indicava a existência de 35 núcleos degradados, com 4.855 barracas, onde viviam 6.138 agregados familiares compostos por 21.400 pessoas, segundo dados a que a Lusa teve acesso.
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Um levantamento elaborado pela autarquia nos anos 90 indicava a existência de 35 núcleos degradados, com 4.855 barracas, onde viviam 6.138 agregados familiares compostos por 21.400 pessoas, segundo dados a que a Lusa teve acesso.
Entre 1993 e Abril deste ano foram realojadas 1.159 famílias em casas municipais, segundo fonte do gabinete da presidência da Câmara da Amadora. Em Junho de 2002 estavam resolvidas 2.117 situações de habitação, no âmbito do PER, para uma população residente de 21.307 pessoas. Estavam registadas 4.855 barracas e 6.123 famílias.
Mas o PER está parado e hoje a sua taxa de resolução está a cerca de 60 por cento. A Câmara tem recorrido a construção própria para alojar os residentes nestes bairros, "preferencialmente em fogos dispersos pelo concelho para permitir uma melhor integração", afirmou a fonte. Quando tal não é possível, as famílias são instaladas em bairros municipais.
A autarquia desconhece o número exacto de pessoas a viver em cada bairro, mas identifica como mais problemáticas as situações na encosta Nascente do Bairro de Santa Filomena, Bairro 6 de Maio, Bairro Estrela de África, Quinta da Laje, Alto da Damaia (Cova da Moura) e Azinhaga dos Besouros.
Só na Cova da Moura vivem sete mil pessoas, segundo a Associação Moinho da Juventude, uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), que presta apoio à população. Esta é uma das várias instituições que trabalham no terreno, em parceria com os serviços da câmara, mas o dia a dia nestes bairros não se fica só por registos de habitantes e ajuda em processos de legalização.
A higiene é um dos grandes problemas: lixo e ratazanas colocam também problemas ao nível da saúde pública, especialmente em crianças. A maior parte da população destes bairro é oriunda dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e debate-se com problemas de desemprego. A população inactiva (49,1 por cento) é superior à activa (45,7 por cento).
A Câmara, por seu lado, continua a insistir com o Ministério da Administração Interna na instalação de um comando da PSP circunscrito à área do concelho, tendo já destinado um terreno para as instalações.
O município tem 23 quilómetros quadrados e a proporção é de um polícia para 644 habitantes, número considerado insuficiente pelo Conselho Municipal de Segurança atendendo à especificidade da zona.