Autobiografia de Bill Clinton lançada hoje nos EUA
A entrevista com o "Guardian" começa por abordar o processo de paz israelo-palestiniano, revisitando momentos como o do aperto de mão entre Arafat e Rabin em 1993 - e pormenores sobre como os assessores se esforçaram por convencer Arafat a não levar uma pistola e para dispor tudo de modo a evitar que o líder palestiniano beijasse o primeiro-ministro israelita.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A entrevista com o "Guardian" começa por abordar o processo de paz israelo-palestiniano, revisitando momentos como o do aperto de mão entre Arafat e Rabin em 1993 - e pormenores sobre como os assessores se esforçaram por convencer Arafat a não levar uma pistola e para dispor tudo de modo a evitar que o líder palestiniano beijasse o primeiro-ministro israelita.
Ao recordar o episódio nos antípodas daquele dia histórico, as conversações de Camp David (2000), o antigo presidente culpa Yasser Arafat pelo falhanço. O líder palestiniano "não conseguiu dar o salto final de revolucionário para homem de Estado". Recorda o telefonema que recebeu de Arafat mesmo antes de deixar o cargo, em que o líder palestiniano o elogiou como sendo um "grande homem". Clinton diz que respondeu: "Sr. Presidente, eu não sou um grande homem, sou um falhanço, e feito por si."
Mesmo assim, o antigo Presidente discorda da estratégia do seu sucessor, dizendo que Arafat "é demasiado esperto" para se deixar ultrapassar por um primeiro-ministro.
Seguindo para o Iraque, Clinton recorda, no livro, como colocou como as prioridades de segurança o Iraque penas em quinto lugar, depois da Al-Qaeda, do conflito israelo-palestiniano, da tensão nuclear entre a Índia e o Paquistão e do apoio de Islamabad a Bin Laden e da Coreia do Norte. Mas a posição de Clinton quanto à guerra tem "nuances". Embora discorde do "timing" escolhido, o antigo presidente diz ao "Guardian" que se fosse senador teria votado para dar [ao Presidente Bush] a autoridade para atacar o Iraque porque Saddam Hussein, no passado, nunca tinha feito nada que não fosse forçado a fazer. E naquele contexto pós-11 de Setembro achava que era imperativo descobrir o que ele tinha". Mesmo assim, quem devia ter ficado com esta tarefa seriam as Nações Unidas.
Em relação a políticos britânicos, Clinton falou com apreço do seu amigo Tony Blair e tentou defender o primeiro-ministro britânico, dizendo ser injusta a percepção de que segue cegamente George W. Bush. "Tony tem sido favorável o tribunal penal internacional, ao protocolo de Quioto... Pelo que sei, nunca abraçou a nova política nuclear desenvolvida pelo Presidente Bush. Por isso, não acho que seja justo ver toda a sua política externa através da óptica do Iraque".
Tema obrigatório, o caso com Monica Lewinski. Clinton diz que dormiu meses no sofá depois de revelar a verdade à mulher e filha, culpa a direita que quis usar a sua intimidade para lhe tirar o cargo, e revela uma pessoa que o ajudou a enfrentar a crise: Nelson Mandela. "Ele disse-me que tinha perdoado os seus opressores", conta Clinton. "Ele tiraram-me tudo menos a minha mente e o meu coração. Eu teria de desistir disso, e eu decidi não desistir", terá dito Mandela, para aconselhar de seguida Clinton a fazer o mesmo. "Se não formos capazes de esquecer, isso vai continua a devorar-nos."