Renovadores comunistas decidem no fim do ano se passam a partido político

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A suspensão do dirigente histórico Carlos Brito foi uma das causas do aparecimento dos renovadores comunistas

"Foi aprovada uma proposta para que até Dezembro se examine o quadro e a altura em que a Renovação Comunista vai discutir a sua evolução para uma formação política estruturada", disse Cipriano Justo, em declarações à agência Lusa.

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"Foi aprovada uma proposta para que até Dezembro se examine o quadro e a altura em que a Renovação Comunista vai discutir a sua evolução para uma formação política estruturada", disse Cipriano Justo, em declarações à agência Lusa.

A proposta foi aprovada no III Encontro Nacional dos renovadores, que decorreu hoje em Lisboa, e deve-se à "necessidade de uma clarificação definitiva sobre o rumo do movimento", disse o responsável.

Cipriano Justo afirmou que "nesta altura é maioritário o número de pessoas que desejam que o movimento evolua para uma forma partidária", mas sublinhou que "só no momento da votação é que se vai saber se é esse o caminho".

A escolha do momento - final do ano - para a "clarificação" deve-se ao facto de muitos dos elementos do Movimento da Renovação Comunista serem militantes do PCP e quererem esperar pelo resultado do XVII Congresso partidário, marcado para Novembro.

Os renovadores que mantêm o cartão de militante do PCP querem esperar para ver "se se mantém a linha actual claramente fechada a mudanças ou se há uma evolução", disse Cipriano Justo.

"Há elementos da renovação comunista que saíram do PCP e outros que se mantêm. Estes querem tomar decisões que são dependentes do congresso do PCP", frisou.

"É do interesse do movimento respeitar essa posição e que quando for tomada a decisão de evoluir para outro caminho seja com o maior número de elementos", acrescentou.

O congresso do PS, previsto para o final do ano, também "é um elemento importante" a analisar pelos renovadores, que estão na expectativa de "uma clarificação quanto à sua posição em relação a convergências de esquerda", afirmou Cipriano Justo.

O Movimento da Renovação Comunista espera igualmente pela sua formalização em partido político para poder integrar o Partido da Esquerda Europeia (PEE), criado no início de Maio.

Uma delegação do movimento participou no congresso fundador, em Roma, do PEE, com o estatuto de observador, já que não obedecia aos critérios exigidos - ser um partido político.

"A renovação comunista, logo que tenha condições para se poder integrar, fará parte do PEE", disse Cipriano Justo.

O MRC nasceu das divergências políticas que alguns dirigentes comunistas mantinham, e que se tornaram públicas nas vésperas e depois do XVI congresso do PCP, em 2000, em relação à orientação e estratégia da direcção do partido.

A expulsão de Edgar Correia e de Carlos Luís Figueira do partido e a suspensão do dirigente histórico Carlos Brito provocou polémica, com outros dirigentes a manifestarem as suas divergências num grupo que se auto-intitulou Movimento da Renovação Comunista.

O antigo deputado do PCP João Amaral, que morreu em Janeiro de 2003, foi um dos principais protagonistas da oposição interna.

Em cerca de ano e meio, o MRC realizou dois encontros nacionais e várias reuniões, elegeu uma direcção e alguns dos seus elementos afastaram-se definitivamente do PCP e defenderam a criação de um partido.

Essa ideia nunca foi, nem é, pacífica entre os elementos da renovação comunista, com os autarcas renovadores a contestarem esse rumo.

Perante a divisão entre os renovadores, a clarificação tem sido uma exigência nas várias reuniões do movimento.