Final de série Friends coloca interrogações às televisões norte-americanas

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Durante o último episódio da série, os espaços publicitários atingiram preços recorde NBC

A expectativa à volta do último episódio de Friends foi semelhante à que rodeou o final de Seinfeld, a outra grande "sitcom" da década de 90. Muitos norte-americanos reuniram-se em festas especiais para assistir ao episódio; os espaços publicitários atingiram preços recorde, dois milhões de dólares (perto de 1,7 milhões de euros) por um "spot" de 30 segundos.

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A expectativa à volta do último episódio de Friends foi semelhante à que rodeou o final de Seinfeld, a outra grande "sitcom" da década de 90. Muitos norte-americanos reuniram-se em festas especiais para assistir ao episódio; os espaços publicitários atingiram preços recorde, dois milhões de dólares (perto de 1,7 milhões de euros) por um "spot" de 30 segundos.

Friends era uma "sitcom", uma comédia semanal de meia hora com personagens fixas. Desde os anos 50, com The Honeymooners e I love Lucy, que a "sitcom" é o género fundamental da televisão americana.

Mas o género dá sinais de exaustão. Seinfeld, Frasier e Friends foram as únicas "sitcom" criadas nos anos 90 que tiveram sucesso duradouro. E Frasier também acabou - o último episódio foi emitido esta semana.

A decadência das "sitcoms" está ligada ao fenómeno dos "reality shows". Mais baratos de produzir e mais populares, os "reality shows" dominam agora as grelhas de programação americanas.

Mas para as estações televisivas, os "reality shows" têm contras. Grande parte das receitas das principais televisões dos EUA vêm da reexibição de programas em outros canais (por exemplo, é possível ver episódios antigos de Friends todos os dias em pelo menos dois canais transmitidos por cabo).

Outra fonte de receitas é a venda de programas para o estrangeiro ou a edição em DVD. Tudo isto é possível com "sitcoms" - mas não com "reality shows". Também há um lado de "prestígio" a considerar. A qualidade de Friends (que foi exibida em Portugal numa versão dobrada) não é consensual, mas a série ganhou vários prémios e é mais respeitada dentro da indústria de entretenimento que qualquer "reality show".

A maior virtude das "sitcoms" é que (também ao contrário dos "reality shows") elas criam um público fiel. Mesmo uma série como Os Simpsons, que já não está nos "tops" de audiências, continua a manter regularmente a fidelidade de um público de grandes dimensões.

O maior êxito de Friends foi que as suas audiências não diminuíram ao longo de dez anos. Pelo contrário, as suas sétima e oitava temporadas foram líderes de audiências na TV americana. O sucesso permitiu aos seis actores da série exigir (e obter) um salário por episódio de um milhão de dólares (840 mil euros).

A televisão NBC (que exibia Friends e também Frasier) aposta em substituir a série que acabou com um sucedâneo. No Outono estreia Joey, uma série à volta da personagem com o mesmo nome interpretada por Matt LeBlanc em Friends.

A ideia de tentar continuar o êxito de uma série através de uma das suas personagens não é nova - Frasier começou por ser uma personagem ocasional em Cheers. Mas é difícil de antever o destino de Joey. Depois de Seinfeld, três dos quatro actores dessa série lançaram novas "sitcoms" - e foram todas um fracasso.